O Libertino

O LIBERTINO

“The Libertine” (2004, RUN) de Laurence Dunmore. Com Johnny Depp, John Malkovich, Samantha Morton, Kelly Reilly, Rosamound Pike, Tom Hollands, Rupert Friend, Jack Davenport, Richard Coyle, Francesca Annis, Jack Davenport, Trudi Jackson, Paul Ritter, Claire Higgins.
Logo no começo do filme, em uma espécie de prólogo, a personagem principal John Wilmot segundo Conde de Rochester vira para a câmera e solta um monólogo, que inclui: “Vocês não irão gostar de mim. Os homens sentirão inveja e as mulheres repulsa”.
Durante boa parte do filme, porém, o roteiro de Stephen Jeffreys (baseado em sua própria peça) desmente seu argumento inicial. Apesar de ser uma pessoa realmente repulsiva, Wilmot é tratado ainda de uma forma positiva, como se houvesse um medo em inovar mais, e criar um retrato mais fiel e completo do protagonista.
A direção também contribui em certas cenas (como no da orgia), e em determinada seqüência, na qual ele se dirige ao parlamento, com a face cheia de sequelas. Ao invés de se focar nisso, efetuando um belo contraste, o diretor prefere manter Depp com a cara abaixada, como se quisesse suavizar o momento.
Apesar disso, Laurence Dunmore acerta em sua estréia na direção, evitando manter a câmera parada, sempre carregando ela na mão, decisão arriscada para filmes de época. Porém, uma das seqüências mais belas, é justamente quando ele não usa este processo, quando percorre o teatro com uma steady cam.
No elenco, Samantha Morton não convence como a atriz Elizabeth Barry, protegida de Wilmont, personagem de Johnny Depp. Este sim, dá mais uma vez um show de intepretação, assim como John Malkovich, sempre talentoso que desta vez liga o automático. Ele interpreta o Rei Charles II, que Wilmot, um dos mais célebres escritores do século XVII do exílio para escrever uma importante peça teatral, que acaba nunca se concretizando.
Ao invés disso, sua vida de promiscuidade, com muito sexo e muita bebida, acaba o levando a um novo e inevitável confronto com o soberano.
A parte técnica é bastante competente, passando pela direção de arte de Ben Van Os, a fotografia de Alexander Melman, que conta com uma iluminação à base de velas, e principalmente à trilha de Michael Nyman, que em grande parte do filme auxilia a direção, guiando o filme através de suas cenas.
Mesmo com algumas falhas e um certo puritanismo, já que não consegue chocar, como Wilmot fez em seu tempo (basta ver a encenação de sua peça), e não cumprir com o aviso inicial, o filme é competente graças ao talento do seu diretor e a ajuda do elenco.
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