Cinema Mon Amour

Saturday, January 13, 2007

Amei um Bicheiro



AMEI UM BICHEIRO


(1952, BRA) de Jorge Ileli, Paulo Wanderley. Com Cyl Farney, Eliana, Grande Otelo, José Lewgoy, Josette Bertal, José Policema, Norma Fleming, Wilson Grey, Aurélio Teixeira, Jece Valadão.

Os nomes nos créditos iniciais fazem o espectador acreditar que está diante da chanchada, gênero mais popular no Brasil na década de 1950. Carlos Manga (o maior diretor deles) como assistente de direção, e figurinhas carimbadas das comédias da Atlântida, como Cyl Farney, Grande Otelo, Eliana e José Lewgoy nos papeis principais. Mas o que se vê na tela, plano a plano, cena a cena e seqüência a seqüência é um dos dramas mais poderosos já realizados no Brasil, um marco do cinema policial, e que talvez ainda não foi alcançado.

Não se vêem favelas, e até o subúrbio ainda é na parte nobre carioca. Amei um Bicheiro é basicamente um filme que se situa na época em que o crime no Rio de Janeiro, em especial com o jogo do bicho, ainda era meio glamourouso, como os filmes de gângsteres americanos nas décadas de 30 e 40, óbvias referências.

A direção segura da dupla Ileli e Wanderley escapa com competência dos clichês que poderiam muito bem ser utilizados para uma fita desse porte Pena que eles não tiveram uma carreira maior no cinema. Algumas cenas em especial são brilhantes, como a montagem paralela no Dia de São Jorge, a primeira morte de uma personagem principal, e o velório, além da bem realizada seqüência final.

Eliana é a única que parece meio deslocada, mas pode ser argumentado que a personagem dela é o contraponto ao extremo daquele mundo de crime. Cyl Farney tem talvez sua melhor participação no cinema, no comando do clássico dilema entre uma vida segura e sofrida e o dinheiro acompanhado de incerteza. Ainda como destaques do elenco, Grande Otelo (que conseguiu ao contrário de Oscarito fazer uma bem sucedida carreira fora das comédias), José Lewgoy, como o chefe do jogo e Josette Bertel, sua amante.

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