Cinema Mon Amour

Friday, January 19, 2007

Filhos da Esperança



FILHOS DA ESPERANÇA



“Children of Men” (2006, RUN/EUA) de Alfonso Cuarón. Com Clive Owen, Julianne Moore, Chiwetel Ejiofor, Charlie Hunnam, Danny Huston, Claire-Hope Ashitey, Peter Mullan, Pam Ferris, Michael Caine, Julian Gabriel Yacuzzi.


A mais nova sensação em Hollywood são os “Three Amigos” (título de um filme dos anos 80 com Steve Martin que se passa no México), ou Três Amigos em puro português. Os tais amigos são os diretores mexicanos que tiveram filmes lançados nos EUA no final de 2006: Alejandro González Iñárritu com “Babel”, Guillermo Del Toro com “O Labirinto do Fauno” e Alfonso Cuarón com “Filhos da Esperança” (“Children of Men”, 2006, RUN/EUA). Ambos tiveram recepção nos principais festivais europeus. Os dois primeiros passaram em Cannes e o terceiro em Veneza. “Babel” venceu direção e montagem, Globo de Ouro de drama e é um dos favoritos ao Oscar, apesar de ter tido uma recepção morna nos EUA e ser massacrado pela maior parte da crítica brasileira. “O Labirinto do Fauno”, o único falado em espanhol foi ovacionado pela crítica nos EUA e já passou a ser o favorito para o Oscar de filme estrangeiro, ultrapassando “Volver” de Almodóvar.

Já “Filhos da Esperança” foi o único que teve uma recepção morna. A crítica gostou mas nem tanto e as premiações passaram ao largo – com exceção da fotografia do mestre Emmanuel Lubezki (“O Novo Mundo”), cotada para o Oscar. Mas quem vê o filme provavelmente não vai se surpreender com isso. O tema é instigante – em 2027 não existem mais bebês, nem crianças: O homem mais novo do mundo acabou de morrer aos 18 anos. O governo aproveitou disso e implantou uma ditadura feroz, que tenta passar uma sensação de calma em um mundo apocalíptico. A liberdade de expressão não existe mais.

Os ingleses adoram fazer filmes com esse tema, talvez temendo que sua sociedade evolua como foi a Alemanha nazista. Os livros de George Orwell tem como tema principal isso (em especial “1984”), assim como o filme lançado ano passado “V de Vingança”. Todos os pontos positivos do filme, a direção angustiante, planos impecáveis e um elenco firme, em sua maioria, se perdem, porém, num roteiro que não sabe para onde andar e o que desenvolver do argumento de uma linha.

Com o caos armado, uma mulher fica grávida e um grupo de oposição tenta salvá-la, temendo que passe a ser cobaia do Governo. As razões nunca são explicadas, nem de como tudo chegou a esse ponto e nem de como ela ficou grávida, mas isso em si nem é uma falha, já que o importante não é como tudo isso aconteceu e sim, o que se resulta disso. Porém, no meio, o filme, assim como seus personagens, saem do caminho inicial traçado, e a história estagna. Viradas já são manjadas e o final deixa muitas pontas abertas.

O destino de Julianne Moore é interessantíssimo, trazendo a mente dos cinéfilos logo um filme clássico (que não vou revelar, é claro, para não tirar a surpresa). Ela está perfeita no filme, como Clive Owen, no papel principal, provando cada vez mais que pode segurar um filme. Michael Caine porém é mal aproveitado, num papel muito clichê e com algumas frases e situações ridículas. Só serve para trazer ao filme, belíssimas músicas como “Ruby Tuesday” dos Rolling Stones (a vasta trilha sonora ainda traz The Libertines, Radiohead e John Lennon).

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