A Razão do Meu Afeto

A RAZÃO DO MEU AFETO

“The Object of My Affection” (1998, EUA) de Nicholas Hytner. Com Jennifer Anniston, Paul Rudd, John Pankow, Alan Alda, Alison Janney, Tim Daly, Nigel Hawthorne, Steve Zahn, Amo Gulinello, Marilyn Dobrin e Kevin Carroll
Deliciosa e competente comédia romântica, mostrando que Jennifer Aniston já provava mesmo durante o ápice de “Friends” que ela tinha como sustentar uma carreira após o programa, como vêm comprovando nos últimos anos. Aqui ela interpreta Nina, uma assistente social, que convida George (Paul Rudd), um professor de primeira série para dividir seu apartamento, depois que ele é dispensado por seu namorado. Os dois acabam se apaixonando, o que vira um problema quando ela aparece grávida e ela pede para ele ser o pai do bebê.
Com um texto leve, mesclando na dose certa, comédia, drama e romance, “A Razão de meu Afeto” é surpreendente, tratando suas personagens bem, principalmente com George, um gay não estereotipado, ou até outras soluções que seriam fáceis, como renegar a John Pankow, um papel de vilão, como o noivo de Nina, Vince. O roteiro de Wendy Wasserstein também merece crédito por não cair nos vários clichês que poderiam existir, apesar de por vezes, esbarrar neles, e chegar a um final que apesar de algumas incoerências, não soa tão mal considerando que é o velho “todos terminaram felizes para sempre”.
A dupla central está sempre em controle de suas personagens, cativando o público e não deixando a peteca cair. Rudd consegue transparecer bem seu conflito interno, já que apesar de querer mais do que tudo cuidar de sua própria criança e não de filhos dos outros, não consegue abandonar sua vida afetiva e se dedicar 100% à Nina, vivida por uma ótima Anniston, que por sua vez não sabe o que fazer e quem escolher para ter uma vida feliz, mas principalmente verdadeira.
O elenco está ótimo como um todo, e os coadjuvantes quase roubam as cenas em alguns momentos, como o casal da alta sociedade interpretado por Allison Janney e Alan Alda, um agente literário que assina com nomes desde Fidel Castro a Sharon Stone. Mas de longe o melhor ator do filme é Nigel Hawthorne, como o crítico teatral que tem de longe o melhor papel do filme, com algumas cenas em que sem nenhum diálogo consegue transparecer uma gama de emoções intensa.
Grande parte do sucesso do filme recai sobre os ombros do diretor Nicholas Hynter, que consegue além de uma coesão por parte do elenco, equilibrar o roteiro, propondo questões às personagens (e de quebra, ao espectador), sobre o significado do amor e de como qualquer relação pode suportar à longa distância. Em parceria com o diretor de fotografia Oliver Stapleton realiza, ainda, grandes tomadas com a cidade de Nova York como pano de fundo, ajudando a situar um microcosmo bem particular desta cidade no âmbito físico.
Já no âmbito emocional, mostrar a música “You Were Meant for me” de Gene Kelly, no filme “Cantando na Chuva”, se mostra uma decisão acertada, já que além de ser uma música maravilhosa (e o filme apresentado ser uma obra-prima) cria uma maior ligação com as histórias de amor feitas nos anos 50 e 60, e assim, validando (perfeitamente) toda a trama apresentada durante o longa, como um verdadeiro romance.
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