Cinema Mon Amour

Saturday, January 20, 2007

Babel



BABEL

"Babel" (2006, EUA/MEX) de Alejandro González Iñárritu. Com Brad Pitt, Cate Blanchett, Gael Garcia Bernal, Koji Yakusho, Adriana Barraza, Rinko Kikuchi, Said Tarchani, Boubker Ait El Caid, Elle Fanning, Nathan Gamble, Mohamed Akhzam, Peter Wight, Abdelkader Bara, Mustapha Rachidi, Driss Roukhe, Clifton Collins Jr., Robert Esquivel, Michael Pena, Yuko Murata, Satoshi Nikaido.



Depois de realizar um grande filme, 21 Gramas, que o projetou definitivamente no cenário internacional, Iñárritu alcança aqui sua glória, sendo já posto na condição de um dos favoritos para levar o Oscar de direção. O filme venceu o Globo de Ouro de melhor drama e teve o maior número de indicações entre os sindicatos. É o filme com maior buzz nessa época de Oscar.

Calma lá, né? Babel é bom, mas nada muito demais. Exemplo perfeito de um filme supervalorizado pelos méritos de um cineasta, que não aconteceu quando devia, nos filmes anteriores. Aliás, é importante e necessário dizer que aqui a fórmula já está batida. O melhor para a carreira de Iñárritu é tentar a partir do próximo filme inovar mais, já que a cada filme parece que sua tática de filmar várias histórias em parceria com o roterista Guillermo Arraga, quase como se assim escondessem uma falta de talento para alongar e desenvolver uma história em longa metragem.

O argumento de ligação não pode ser usado aqui de maneira alguma, já que as quatro histórias não se juntam, apenas acontecem por causa de um mesmo acontecimento (o tiro de um menino), que interfere de forma direta ou indireta a vida das personagens. Alterações de tempo acentuam ainda mais a independência de cada parte, principalmente a japonesa.

As melhores atuações ficam por conta de Adriana Barraza, como a babá mexicana e Rinko Kikuchi, como a garota japonesa. Pitt, Blanchett e Bernal que encabeçam o elenco para propósitos promocionais não fazem muita coisa, em papeis pequenos, apesar de Pitt mostrar mais uma vez ser um bom ator, mesmo com um pequeno personagem. A parte protagonizada por Pitt e Blanchett em viagem ao Marrocos é a menos interessante, se contrapondo com a melhor, a da família marroquina, que me parece (mas não tenho certeza) ser formada só de atores amadores.

Na parte técnica, a montagem de Douglas Crise e Stephen Mirrione é eficiente, juntando eventos que se passam em dias diferentes como uma única parte, mesmo que não ajude no andar do filme. Talvez seria melhor se fosse menos não-linear, mas assim, claro seria menos chamativa e com menos destaque aos prêmios.

Os destaques nesta área vão para a trilha de Santaolalla e principalmente a fotografia de Rodrigo Prieto, que consegue criar ambientes completamente diferentes, incluíndo aí uma parte bem difícil, filmar dois desertos como locais distintos, até por razões dramáticas. A parte japonesa também é bem filmada visualmente, mesmo que se explore em demasia o lado sensual das garotas, o que se mostra decisivo futuramente na história, um caso discutível e bem simplório de resolver a questão.

A questão do filme todo é a falta de comunicação no mundo globalizado e por isso mais unido. Até ganha alguns pontos nessa questão, exemplificada de forma mais didática na parte japonesa. Na parte marroquina, temos um dilema interessante - os árabes ajudando o casal americano que foi largado a sorte pelos próprios compatriotas - e no terreno mexicano, vemos a personagem principal confrontar seus próprios demônios fazendo coisas que sinceramente, nem o espectador acredita. Mas talvez isso justamente seja seu calcanhar de Aquiles: O filme como um todo não se sustenta. Vemos pequenos curtas que não conseguem se dialogoar. E isso quase destrói o filme.

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