Cinema Mon Amour

Sunday, September 24, 2006

Dália Negra



DÁLIA NEGRA

“The Black Dahlia” (2006, ALE/EUA) de Brian De Palma. Com Josh Hartnett, Scarlett Johansson, Aaron Eckhart, Hillary Swank, Mia Kirshner, Mike Starr, Fiona Shaw, Patrick Fischler, Josh Kavanagh, Rachel Miner.


Dália Negra é mais uma prova de que se Brian De Palma não é um excelente criador, ou o que poderia se chamar de um grande cineasta é ao menos um diretor competente, e um ótimo imitador. Afinal o que dizer de um filme, que pega todos os elementos possíveis do noir dos anos 40, adiciona outros que eram impensáveis na época, e realmente não fica nada devendo à aqueles policiais clássicos, cheio de intrigas e personagens multifacetados?

Aqui, se segue um novo caminho que Hollywood está seguindo quase em peso, seja nas comédias românticas, como nos filmes de ação: Em detrimento da história e de cenas de explosão e tiros, são privilegiadas as personagens e o ambiente em torno delas, que também possuem vital importância no desenvolvimento da história.

De Palma realiza aqui seu melhor filme desde Os Intocáveis e se redime de fracassos retumbantes como Missão: Marte e Femme Fatale. Não que seja perfeito. Está longe disso, já que possui muitos erros, inclusive vários que já se viam nos filmes de cuja fonte ele bebe aqui. Mas também sempre está acima da média, atingindo alguns momentos de brilhantismo estético, que só aumentam a importância do cineasta ao resultado final.

O principal ponto negativo é seu final. Extremamente mal resolvido, pega todas as “dicas” que jogou ao longo da trama para que o assassino da atriz Elizabeth Scott, a tal da Dália Negra, fosse desmascarado. Que nem nos livros de Agatha Christie, aonde o quebra-cabeças só tem uma ou outra peça no lugar até os últimos 10 minutos e de repente, tudo é resolvido com uma facilidade impressionante.

Mas se ao mesmo tempo que tem essa falha em comum aos livros da inglesa, também pode ser comparado na melhor qualidade que a leitura dela possui: Uma rica criação das personagens, que fazem parte de toda a sociedade em volta delas, quase como engrenagens de uma grande máquina. Aqui a máquina é Hollywood regida a escândalos, pessoas inescrupulosas e pessoas comuns com sonhos de virarem estrelas, se utilizando todos os meios possíveis para justificar um glorioso fim.

Josh Hartnett ainda não consegue mostrar que pode ser um ótimo ator, mas aqui está competente e faz jus ao aspecto mais introspectivo da personagem. Contraponto perfeito é Aaron Eckhart, que após Obrigado por Fumar tem aqui mais uma grande performance. O filme, porém é das mulheres. Hillary Swank convence completamente como uma femme fatale, mostrando que ela é uma das melhores atrizes da atualidade, o que falta é ganhar papeis fortes. Scarlett Johansson porém é o principal destaque, roubando todas as cenas, como uma verdadeira heroína noir, inocente o suficiente para cair nos braços protetores do mocinho e ardilosa o suficiente para traçar seus próprios interesses.

A fotografia e a trilha sonora são irregulares, alternando grandes sacadas com alguns tropeços como escolhas estranhas de luz em certas cenas e uma música presente em demasia, não deixando o filme respirar por si só. Já o figurino é excelente, assim como o outro grande destaque da parte técnica, a direção de arte do mestre Dante Ferretti. Mesmo a narração excessiva não atrapalha o andamento do filme, que é mais garantido pela mão segura de De Palma do que pelo roteiro de Josh Friedman.

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