Cinema Mon Amour

Thursday, September 07, 2006

A Dama na Água



A DAMA NA ÁGUA



“Lady in the Water” (2006, EUA) de M. Night Shyamalan. Com Paul Giamatti, Bryce Dallas Howard, Jeffrey Wright, Bob Balaban, Sarita Choudhury, Cindy Cheung, M. Night Shyamalan, Freddy Rodríguez, Bill Irwin, Mary Beth Hurt, Noah Gray-Cabey, June Kyoto Lu, Joseph D. Reitman, Jared Harris, Grant Monohon, John Boyd e Ethan Cohn.


“A Dama na Água”, vem sendo descrito por muitos como uma fábula. A própria história principal é contada como uma por uma senhora coreana velhinha, que mora com sua filha nos Estados Unidos e não fala nada de inglês. Sua filha, que usa roupas com tamanho mínimo, e gosta de se divertir, comenta “Eu gostaria de acreditar também que tudo isso seja verdade”. Talvez a razão que ela não acreditava fosse sua americanização, tentando viver como uma perfeita e fútil garota americana.

Durante o desenrolar do filme, porém, ela é convencida por Cleveland, síndico do prédio aonde se passa toda a história, de que a garota que ele achou na piscina, realmente vêm de um outro mundo. Além dela, dezenas de outros moradores também compram a história e passam a ajudar à delicada ser a voltar para seu lugar de origem.

Pois bem, M. Night Shyamalan, diretor e roteirista do longa não teve o mesmo sucesso com o público, tamanha a reação completamente dividida que o filme recebeu. Enquanto alguns adoraram, a maioria dos críticos rejeitou por completo, algo bem compreensível, já que o filme cheira pesado a pretensiosismo, sendo que não possui nada real a oferecer.

Shyamalan apresenta idéias interessantíssimas, como a relação entre pessoas de mundos praticamente opostos, com visões e objetivos de vida completamente diferentes. Provavelmente ele acredita que as intenções devem ser levadas em conta durante a exibição do filme, já que nunca desenvolve a história, deixando detalhes importantíssimos para a nossa imaginação. Como nas melhores fábulas? Não.

O crescimento do filme também é nulo. Durante uma hora e meia somos apresentados a um festival de personagens clichês, algumas beirando o ridículo, como Reggie (Freddy Rodríguez, da excelente “Six Feet Under”), um cara que faz "experimentos científicos", apenas exercitando os músculos de um braço. O que dizer da família coreana, a bondoza e brava senhora que preserva suas tradições não falando inglês, enquanto a filha representa o oriente ocidentalizado, como os EUA e sua modernidade aniquilam o que há de melhor no mundo, incluindo aí a fantasia. Tudo muito grotesco e vomitado na cara do espectador, no melhor estilo Crash de ser.

Porém, nada supera, a personagem de Bob Balaban, um crítico prepotente de cinema e literatura, daquele tipo chato por natureza, que sente prazer em odiar uma obra alheia e acham que sabe de tudo, mas na verdade nunca entende a “verdade” contida ali. Foi claramente inspirado naqueles que vêem a cada filme do cineasta, seu declínio crescente, desde que gerou provavelmente o melhor suspense de toda a década de 90. Shyamalan deve ter sentido um especial prazer em escrever o seu destino e parece brincadeira de criança que não tem espaço algum em um filme que se pretende a ser sério.

Problemas já vistos nos filmes anteriores do diretor indiano são repetidos aqui, sempre com os piores resultados. Som alto e estridente e aparições para assustar, tudo compensando a falta de talento, uma trilha irritante e a fotografia que tenta criar um clima sombrio, mas soa extremamente artificial.

Quando finalmente, começa a pegar um fôlego, termina, desapontando a quem estava começando a se interessar por toda a história. A surpresa aqui, é que pelo menos Shyamalan se salva como ator. Depois de apenas participar em pontas, ele deixa seu ego falar mais alto, e aparece mais tempo na frente da tela, tomando espaço com uma personagem chave do filme. Mas se sai bem, no meio de um elenco pouco inspirado, no qual o único que tenta se salvar é Giamatti, que tropeça nos diálogos ridículos. Bryce Dallas Howard, que tinha se revelado em “A Vila”, aqui está inexpressiva. Um grande desperdício de elenco e de uma forte premissa. Já de diretor, não consigo mais considerar. Sete anos depois e com mais quatro filmes na bagagem, “O Sexto Sentido” parece cada vez mais como um golpe de sorte.

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