Cinema Mon Amour

Monday, August 28, 2006

Trair e Coçar, É só Começar



TRAIR E COÇAR, É SÓ COMEÇAR



(2006, BRA) de Moacyr Góes. Com Adriana Esteves, Cássio Gabus Mendes, Otávio Muller, Bianca Byington, Mônica Martelli, Mário Schoemberger, Aílton Graça, Fabiana Karla, Márcia Cabrita, Thiago Fragoso.



A versão cinematográfica de “Trair e Coçar, É só Começar” parecia obrigatória nesta retomada do cinema brasileiro tendo-se em consideração que é a peça em mais tempo em cartaz no Brasil, desde 1986. Poderia render uma boa comédia de erros, cheia de encontros e desencontros, como fazia brilhantemente Shakespeare.

Mas que fique claro que Flávio de Souza e Marcos Caruso não têm 0,01% do talento do bardo inglês, muito menos Moacyr Góes. Se tivermos que apontar um culpado para o fracasso desta adaptação é ele, que é o maior realizador de bombas do cinema recente nacional. Constam de sua filmografia “Dom”, “Maria — Mãe do Filho de Deus”, “Um Show de Verão”, “Irmãos de Fé”, além de três filmes protagonizados pela rainha dos baixinhos. Parece o Billy Wilder ou Ingmar Bergman do mundo bizarro. Se quase todos filmes destes dois são obras-primas, quase todos de Góes são horrorosos.

“Trair e Coçar” não chega a este nível, mas todo potencial de seu texto é minado pela direção folgada. Todo mundo que insiste em chamar “Dogville” de teatro filmado (e eu já fui um deles), deve ir ao cinema e conferir este filme. Sem nenhum senso de cinema, o único trabalho do diretor parece ter sido colocar sua câmera perto de um palco e realizar algumas cenas externas para nos lembrar de que se trata de um filme.

Mas não se enganem: É puro teatro. As cenas são mal realizadas, em uma linguagem completamente teatral, adequada aos palcos, mas não às salas de cinema. Prova disso é que os atores parecem se esquecer de que existe um grande microfone em cima deles e insistem em gritar em cena, como se tivessem que atingir ao espectador da última fileira. A direção também privilegia estranhamente planos gerais, uma decisão completamente errada.

Os diálogos são sofríveis e as situações completamente artificiais. O elenco, para completar a desastrosa e infantil direção de Góes, está muito caricato, principalmente Adriana Esteves e Cássio Gabus Mendes. Talvez a história até pode funcionar nos palcos cariocas, mas pelo material visto, acho difícil. Mas provavelmente gerava mais risadas do que este esqueleto de comédia.

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