Assombração

ASSOMBRAÇÃO

“Gwai wik” (2006, HKO) de Oxide Pang Chun, Danny Pang. Com Angelica Lee, Qiqi Zeng, Lawrence Chou, Siu-Ming Lau, Rain Li, Jetrin Wattanasin.
Um dos melhores momentos de “Buenos Aires 100km”, exemplar da nova safra do cinema argentino é quando foca na história de mesmo título que a personagem principal, um garoto de 11 anos escreve em seu caderno. Por pressão dos amigos e conhecidos que lêem, o conto acaba virando um terror bastante nonsense, o que se torna interessante dentro da narrativa, já que reforça que apesar de ser uma criança atarefada e sob pressão, prestes a sofrer com a vida e seus problemas, ainda era uma criança.
Pois bem, os irmãos Pang não são mais crianças. Não vale então, uma história beirando o patético, que tem uma cena sem noção atrás de outra. O roteiro é fraquíssimo, apelando para soluções sem pé nem cabeças, complicando a intricada trama. Tentando gritar que é criativo, parece perdido entre um quero-ser-texto de Charlie Kauffman e um quadro do francês Henri Matisse compondo o visual, sem nenhuma direção certa.
Parece que os roteiristas (Cub Chin, Sam Lung, Thomas Pang e os dois irmãos Pang) não tinham um plano quando começaram a escrever o filme, e deixava cada cena levar à próxima, produzindo enormes buracos de roteiro e situações absurdas (no mau sentido). Talvez eles pensaram que se em “Magnólia” podia cair sapos no meio da rua, aqui podia cair corpos. Mas não, lá tinha explicação. Aqui é só um jeito de atrair a atenção do público, quando eles não conseguiram pensar em algo melhor.
A direção de arte ajuda nos propósitos (bestas) do filme e é o destaque do longa, que conta com algumas cenas visuais interessantes (como a da mulher e sua neta no elevador), mas que se perdem no próprio significado, conferindo uma nulidade ao conjunto. A fotografia é de causar horror, mudando de tons e cores sem explicação, às vezes na mesma cena, nunca imprimindo um visual adequado ao filme, auxiliada por uma trilha sonora típica dos filmes de terror.
Se as atuações não chegam a ser um desastre, elas não podem fazer nada com o material, sendo completamente desperdiçadas. A direção dos cultuados irmãos Pang (do brilhante “The Eye”), é muito irregular, sem sentido. Histórias se perdem e as soluções dadas para o mundo fantasioso são as mais ridículas possíveis, entrando em contradição continuamente. Um horror de filme, e não um filme de horror.

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