Miami Vice

MIAMI VICE

"Miami Vice" (2006, ALE/EUA) de Michael Mann. Com Colin Farrell, Jamie Foxx, Gong Li, Naomie Harris, Justin Theroux, Barry Shabaka Henley, John Ortiz, Luis Tosar, John Hawkes, Ciarán Hinds.
Hoje, para um filme de ação fazer sucesso não basta apresentar tiros, efeitos especiais e cenas mirabolantes. Precisa ter uma história interessante, verossímil e, portanto convincente, atingindo ao público de forma mais eficaz do que uma rajada de metralhadoras. É irônico, portanto que o filme que deu início a esta era, “Matrix”, de 1999, tenha levado dois tiros pela culatra com suas seqüências, esquecendo todos os mandamentos para o gênero que tinha fincado.
A temporada em que mais acontece à desova destes filmes é de maio a agosto, período de férias de verão nos EUA. Apesar de eventuais longas que ainda ofendem a inteligência do espectador, como “Velozes e Furiosos — Desafio em Tóquio”, o ano fez brotar muitos filmes seguindo a tendência, tendo suas diferenças. Seja elas de enredo, ou ainda de qualidades, variando dos quase ótimos “X-Men: O Confronto Final” e “Superman — O Retorno” até aos muito ruins, caso de “O Código Da Vinci”, passando por intermediários como “Missão Impossível 3”. Apesar disso, todos tinham suas tramas voltadas para as personagens e situações em que se encontravam, jogando os efeitos especiais para o segundo plano.
“Miami Vice” segue a regra, mesmo que o roteiro não seja lá essas coisas. Nele, dois policiais de Miami são os protagonistas. Para desbaratar uma quadrilha de contrabandistas, eles se infiltram na organização criminosa. Sonny (Farrell), começa a ter um caso com a cubana Isabella (vivida pela chinesa Gong Li), mulher do chefão do bando, enquanto o seu parceiro, Rico (Foxx) vive um romance tumultuado com a também oficial da lei Trudy (Naomie Harris).
Apesar de ser válido, ao deixar os tiros de lado, para se concentrar nas palavras e nos momentos de silêncio, o roteiro tem seus pecados, nunca realmente desenvolvendo as personagens, apesar de apontar para este caminho por diversas partes. Enquanto o roteiro possa ter várias falhas, ele tem o mérito de nunca deixa de se centrar nas personagens e em seus dilemas, mesmo que deixe todo o trabalho difícil para a direção.
E assim, Mann, vira responsável por tudo de bom que se sustenta no filme. Auxiliado pelo diretor de fotografia Dion Beebe, leva sua câmera a todos os lugares possíveis, às vezes fazendo primeiríssimos planos de partes do corpo dos atores até planos gerais, com litorâneas paisagens ao fundo, seja de Cuba (filmada na República Dominicana), Haiti, ou Miami. Desta vez, a cidade é filmada sem a visão clichê de paraíso litorâneo, e sim como um ambiente claustrofóbico, repleto de nuvens escuras e carregadas.
O elenco funciona bem, apesar de ocasionais deslizes de Farrell. Enquanto Beebe ganhou o Oscar de fotografia por “Memórias de uma Gueixa”, um trabalho muito ruim, deve se houver justiça ser indicado por este filme, se aproveitando quando achar necessário da câmera digital, mas voltando por vezes (principalmente nas cenas internas) ao formato tradicional. Um filme basicamente de diretor, e o diretor está ótimo.
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