Cinema Mon Amour

Sunday, August 27, 2006

Protegida por um Anjo



PROTEGIDA POR UM ANJO


“Half Light” (2006, ALE/RUN) de Craig Rosenberg. Com Demi Moore, Hans Matheson, James Cosmo, Kate Isitt, Therese Bradley, Beans El-Balawi, Henry Ian Cusick, Mickey Wilson, Joanna Hole

“Protegida por um Anjo” parecia ser apenas um caso de “olha como somos criativos” por parte dos tradutores brasileiros, que adoram títulos mirabolantes. Mas parece que todo mundo envolvido nesse filme gosta de coisas mirabolantes. Só assim para explicar como alguém pode entrar nessa barca furada, que em um ano de comédias que são um verdadeiro terror, é um dos lançamentos mais engraçados.

Talvez Rosenberg, diretor e escritor, quis fazer uma comédia e especialistas do futuro com mentes mais avançadas vão finalmente enxergar isso, e o filme vai entrar direto na lista dos melhores e mais inteligentes do século. Só assim para explicar como consegue arrancar tantas risadas do espectador que achava que estava numa sessão de suspense.

Como Demi Moore, uma atriz de primeiro escalão foi parar nisso (que nem chegou aos cinemas americanos) é um mistério. Ela interpreta uma escritora de sucesso, cujo filho morreu em um acidente doméstico. O casamento entra em crise e oito meses depois por sugestão de sua melhor amiga jornalista ela vai para uma pequena vila escocesa para ter paz, combater o bloqueio criativo e finalmente tocar a vida.

Mas suas visões com o filho não ajudam em nada. O que poderia ser um bom drama cai no patético logo nas primeiras cenas, em que tenta implantar um toque sobrenatural, ajudado por alguns dos habitantes falando em um dialeto, quase como em segredo, tramando algo contra a pobre heroína.

O roteiro é ridículo, falhando em todas as frontes: no drama, no mistério e no romance. O que dizer da cena em que após ouvir que o filho morto está tentando se comunicar com ela, ver uma mensagem dele, e a ponto de ter um colapso nervoso ela vai se encontrar com seu interesse amoroso para ser consolada... e fazem sexo, tudo ficando às mil maravilhas. E o filho morto, as mensagens, a ansiedade? Ah era na cena anterior, não importa.

Tentando ser inteligente e com pinta de um filme “complicado”, uma das piores reviravoltas já vistas no cinema aparece no final, e acaba é complicando mesmo a situação do espectador, pois não teve um anjo que o protegesse de assistir a esta bomba.


PS: A melhor coisa do filme é outro filme. Em uma cena, um casal assiste pela televisão o clássico do horror britânico, "Na Solidão da Noite" ("Dead of Night"), filme de episódios. O exibido é o mais famoso, sobre um ventríloquo que ganha vida, dirigido pelo brasileiro Alberto Cavalcanti. Para mim, o melhor filme de terror de todos os tempos.

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