Cinema Mon Amour

Wednesday, May 16, 2007

Motoqueiros Selvagens



MOTOQUEIROS SELVAGENS



“Wild Hogs” (2007, EUA) de Walt Becker. Com John Travolta, Tim Allen, William H. Macy, Martin Lawrence, Ray Liotta, Marisa Tomei, Kevin Durand, M. C. Gainey, Jill Hennessy, Dominic Janes.


Motoqueiros Selvagens parte de um preceito muito simples, que é o do descontentamento com a vida que sofrem quatro homens lá pelos seus cinqüenta anos. Decidem então, endossar a crise de meia-idade com uma emblemática viagem de moto pelo país, procurando a “liberdade” que tanto desejavam quando adolescentes e hoje não passam de uma lembrança de um momento que esteve prestes a acontecer, mas nunca aconteceu.

Todos os quatro protagonistas sofrem problemas, e são endossados por quatro estrelas de Hollywood, que se ao menos não têm muito talento (exceto por William H. Macy), possuem carisma de sobra, e que conseguem fazer deslizar o filme para os espectadores, e até os mais turrões podem ao menos apreciar um pouco a história. John Travolta interpreta um homem que parece ter a vida dos sonhos, mas acaba de se separar de sua esposa (uma modelo famosa) e descobre que entrou em falência. Procura na viagem uma forma de esquecer seus problemas e tentar se divertir um pouco antes de cair na vida real.

Leva seus três amigos, daqueles caras que têm vidas tranqüilas no subúrbio, um estilo que o cinema americano já o fez tão normal e corriqueiro, mesmo para os brasileiros. Seus amigos são Martin Lawrence, um cara controlado pela esposa e que trabalha como faxineiro em uma empresa (e é claro, possui uma casa enorme de dois andares), mas que se sente deprimido por não ter conseguido escrever nada no projeto de livro durante um ano sabático; Tim Allen um dentista que queria mudar o mundo, mas não chegou perto disso e que possui um filho que prefere passar mais tempo com o pai do amigo do que com ele; e William Macy, um fanático por computadores, mas que sempre que chega perto de uma mulher fica nervoso e por isso não consegue ter uma namorada.

Logo na primeira cena para não termos dúvidas, o roteiro apresenta cada um dos personagens e os problemas relacionados a cima, para já fixar na mente do espectador quem é quem (e claro, com atores conhecidos defendendo os papeis, o trabalho fica mole) e parte para a viagem. O título Motoqueiros Selvagens é o nome do grupo que eles formaram e se reúnem semanalmente.

Mas na viagem, eles vão se deparar com uma gangue de motoqueiros “de verdade”, mas que prefere se estabelecer num bar do que ir para a estrada. O filme inteiro vai se limitar aos problemas que o quarteto principal vai ter com esses “vilões”, além de um romance entre a personagem de Macy e uma dona de um bar de uma cidadezinha em que eles param, interpretada por Marisa Tomei.

Sem inovar nem por um instante, contando com um bando de piadas escapistas e sem graças (como a do computador na apresentação de Macy e o policial interpretado pelo ótimo Kevin Durant, da série Scrubs), o filme não chega a chatear, mas também conta com um argumento muito forçado e sem nenhuma criatividade no roteiro. A forma como tudo se resolve é quase uma piada de tão forçado que soa. E claro, todos os protagonistas vão conseguir chegar ao final tendo recuperado aquilo que tinham perdido em algum momento de suas vidas, ou nunca tinham conseguido. Pode agradar aqueles que querem uma diversão sem usar muito o cérebro, mas para os que acreditam que o cinema pode ser um pouco mais do que diversão, Motoqueiros Selvagens não é a parada ideal.

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