FESTIVAL DO RIO 3

ALICE

“Alice” (2005, POR) de Marco Martins. Com Nuno Lopes, Beatriz Batarda, Miguel Guilherme, Ana Bustorff, Laura Soveral, Gonçalo Waddington, Carla Maciel, José Wallenstein, Clara Andermatt, Ivo Canelas.
O voyeurismo a serviço de uma causa, neste longa de estréia do cineasta português Marco Martins. A filha de Mário está desaparecida há quase 200 dias, e desde a fatídica data ele vem repetindo o mesmo trajeto, na expectativa de encontrar ela. Também instalou câmeras de vídeo em vários lugares de Lisboa e passa a madrugada vendo elas, ainda com uma forte expectativa, o que o faz imprimir todas as fotos de meninas que possam ser ela e colar numa parede. Se em Caché, as fitas de vídeo tinham o propósito de atormentar aqueles observados, aqui só aumenta ainda mais a tortura de Mário.
Martins mesmo no primeiro filme, cria uma atmosfera única, fazendo a platéia cúmplice dos atos do protagonista, embarcando de vez na paranóia criada, vista a cena final. Nuno Lopes arrasa e por enquanto teve a melhor atuação masculina do festival e é sério candidato ao Alfred. A fotografia em tons escuros é brilhante, assim como a trilha sonora. Um filme forte e emocionante, mostrando que não é só de Manoel Oliveira que vive o cinema português.
-------------------------------------------------------------------------------------

UM CERTO OLHAR

“Snow Cake” (2006, RUN/CAN) de Marc Evans. Com Alan Rickman, Sigourney Weaver, Carrie-Anne Moss, David Fox, Jayne Eastwood, Emily Hampshire, James Allodi, Johnny Goltz, Mark McKinney, Callum Keith Rennie.
Uma excelente interpretação de Alan Rickman e um início promissor não salvam Um Certo Olhar do marasmo que entra, ao retratar o encontro de um homem recatado primeiro com uma jovem “de bem com a vida” (com toda implicação negativa desta frase) e depois com sua mãe autista, interpretada por uma caricata Sigourney Weaver. Carrie-Anne Moss tenta mas não consegue salvar o filme, que conta com um roteiro no qual todas as fórmulas do gênero são incluídas, e sem nada de realmente novo a oferecer.
-------------------------------------------------------------------------------------

LEITE E ÓPIO

“Doodh Aur Apheem” (2006, IND, EUA) de Joel Palombo. Com Swaroop Khan, Nizam Khan, Mohamad Khan, Manjoor Khan, Santosh Paudel.
Um menino de 14 anos adora cantar tocar e deseja viver de música. Ele mora numa pequena vila na Índia e com desejo de conhecer o mundo, convence seu tio arrogante a levá-lo para a cidade grande, mas até lá, muitas coisas ainda vão acontecer. Embalado por boas músicas (“Corporation Time” em especial é linda) o filme se sustenta bem, e ainda faz um bom estudo da ocidentalização na Índia, principalmente nas seqüências finais. Swaroop Khan em seu primeiro trabalho dá conta do recado, e o filme, que dificilmente vai chegar no Brasil, é uma experiência interessantíssima.
0 Comments:
Post a Comment
<< Home