Cinema Mon Amour

Saturday, September 30, 2006

Festival do Rio IV


O CROCODILO

“Il Caimano” (2006, ITA/FRA) de Nanni Moretti. Com Silvio Orlando, Margherita Buy, Jasmine Trinca, Michele Placido, Giuliano Montaldo, Elio De Capitani, Jerzy Stuhr, Toni Bertorelli, Daniele Rampello, Nanni Moretti.


Até agora, o melhor filme já visto dos recentes no Festival do Rio. Consegue com perfeição, juntar três assuntos que por pouco não podem cair no clichê: Os problemas na produção de um filme, principalmente na Itália; o desfacelamento de um casamento; e ainda, a sua principal intenção, uma crítica ao premier italiano Silvio Berlusconni. Nani Moretti realiza aqui seu melhor trabalho e ainda está perfeito num papel coadjuvante, mas no campo das atuações, o filme pertence mesmo a Silvio Orlando mesmo que Margherita Buy e Jasmine Trinca roubem algumas cenas. Contém piadas maravilhosas, e é uma rara comédia boa num festival bem pesado. Além do mais, “The Blower’s Daughter” de Damien Rice, sempre faz bem a um filme.

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EL LABERINTO DEL FAUNO

El Laberinto del Fauno (2006, MEX/ESP/EUA), de Guillermo Del Toro. Com Ivana Baquero, Doug Jones, Sergi López, Ariadna Gil, Maribel Verdú, Álex Angulo, Roger Casamajor, César Vea.


Inferior ao trabalho anterior de Del Toro sobre a guerra civil espanhola, A Espinha do Diabo, mas ainda assim funciona. Visto pelo ponto de vista de uma menina, é uma “fantasia para adultos”, mas como o lado de fantasia ainda é muito infantil, principalmente na caracterização das personagens reais, não funciona plenamente, e por vezes se perde. A parte final ajuda o filme, assim como atuações precisas, especialmente de Sergi López que consegue respirar num papel por demasia estereotipado e Maribel Verdú. A fotografia, trilha sonora e maquiagem são excelentes.

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UMA SIMPLES CURVA

“A Simple Curve” (2005, CAN) de Aubrey Nealon. Com Kris Lemche, Michael Hogan, Matt Craven, Pascale Hutton, Sarah Lind, Kett Turton, Michael Robinson, Ben Cotton, Hank Hastings, Suzinn Robinson.


Filme canadense despretensioso, mas que consegue agradar. As boas atuações, principalmente do protagonista Kris Lemche (Conhecido como o intérprete mais freqüente de Deus em Joan of Arcadia), em uma trama sobre o tal do “coming of age”, já visto em milhares de filmes, mas quase nunca em pessoas com mais de 18 anos. No caso deste filme, é quando a personagem tem 27 anos e começa a perceber que talvez seja hora de se mudar e seguir uma vida diferente do pai. Apesar de um detalhe final erroneamente irônico, vale a pena.

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QUELQUES JOURS EM SEPTEMBRE

“Quelques jours en septembre” (2006, ITA/FRA/POR) de Santiago Amigorena. Com Juliette Binoche, John Turturro, Sara Forestier, Tom Riley, Nick Nolte, Mathieu Demy, Saïd Amadis.


Ágil e intimista thriller, à moda dos europeus da década de 70, marca a estréia do diretor argentino na direção. Binoche, melhor do que em Cachê, comanda um bom elenco, que ainda conta com o excelente Turturro em um papel menor, mas de não menos destaque e uma participação de Nolte, que parece melhorar com a idade. A aproximação do fatídico dia é feita num crescendo impressionante até o implacável clímax. O roteiro é o grande destaque do filme, que trata de uma questão espinhosa, a de que espiões americanos já sabiam de um grande ataque muito antes de ter acontecido — e ainda lucraram com isso. A direção porém alterna grandes momentos, como os de suspense, auxiliados pelo som, e o excesso planos fora de foco, que não ajudam em nada.

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JUVENTUDE EM MARCHA

“Juventude em Marcha” (2006, FRA/POR/SUI), de Pedro Costa. Com Alberto 'Lento' Barros, Cila Cardoso, Isabel Cardoso, Beatriz Duarte, Vanda Duarte, Gustavo Sumpta, Ventura.


O cinema português está cada vez recebendo mais holofotes por parte da imprensa especializada internacional e não somente pelo nome de Manoel de Oliveira. Pedro Costa é um dos mais celebrados e neste meu primeiro contato com seu trabalho não fiquei nada impressionado. O diretor consegue enganar bem, filmando cenas que ficam 10 minutos fixas e outras com longos silêncios. Tudo isso pode ser usado em prol de um filme, mas aqui simplesmente preenche um vazio estético, dinamitando algumas cenas potencialmente interessantes pelo ponto de vista do roteiro, especialmente quando uma mulher conta sobre sua gravidez. A direção de arte sutil, propiciando um contraste forte de branco e preto é o ponto alto.

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