Cinema Mon Amour

Tuesday, September 12, 2006

Leão de Sete Cabeças



O LEÃO DE SETE CABEÇAS


“Der Leone Have Sept Cabeças” (1971, CON/FRA/ITA) de Glauber Rocha. Com Baiack, Aldo Bixio, Giulio Brogi, Hugo Carvana, Reinhard Kolldehoff, Jean-Pierre Léaud, Miguel, Rada Rassimov, André Segolo, Gabriele Tinti.


Leão de Sete Cabeças sofre de uma inconsistência estrutural, como toda a obra de Glauber Rocha. Oscila entre o genial e o sem sentido, entre o intelectual e o banal, entre o profundo e o superficial. Enquanto a primeira metade tem momentos de brilhantismo, ao atacar fortemente o regime político na África e a interferência das políticas externas promovidas pelas potências européias e a americana, perde o rumo, e quase joga toda sua mensagem aos ares.

Jean-Pierre Léaud, o eterno Antoine Doinel, faz um papel que deveria ser importante, mas que na prática é fraco e sem ação. Seu nome é o destaque de um elenco internacional, mostrando o poder que Rocha tinha no cinema na época. Todos os atores estão dignos de nota, em especial Andre Segolo, em seu único papel no cinema, como Xogu, que vira de repente o presidente da nação, que apesar de proclamar a independência, continua sendo marionete das forças poderosas presentes.

A parte final decepciona. Se o espectador, novato em Rocha, passar da estranheza inicial acreditará estar perto de uma obra-prima, mas as idéias não se convertem e o debate sobre política na década de 70 e o papel da mulher nos destinos políticos, que poderia ser mais bem desenvolvido, não vão à frente. Faltou talvez, uma narrativa mais coesa, que não precisa ser necessariamente convencional, apenas em que todas as peças se encaixassem perfeitamente, como o próprio diretor fez poucos anos antes em Terra em Transe, sua obra-prima.

PS: Se houver alguma lista dos melhores títulos de todos os tempos (e com toda hype por listas, já era hora de aparecer uma), este tem presença garantida, evidenciando seu caráter internacional, com cada palavra em um idioma diferente.

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