Cinema Mon Amour

Monday, April 23, 2007

Caixa Dois

CAIXA DOIS



(2007, BRA) de Bruno Barreto. Com Fúlvio Stefanini, Daniel Dantas, Zezé Polessa, Giovana Antonelli, Cássio Gabus Mendes, Thiago Fragoso, Robson Nunces, Mariana De Sabrit, Zedú Neves, Márcio Mussarela.



Li em certo texto na internet uma expressão que me chamou a atenção e que seria a nova moda no cinema brasileiro: O “bom filme ruim”. Ou seja, não temos mais àqueles filmes embaraçosos, que temos vergonha de ser produzido aqui. A nova safra se enche de diretores fortes, como Hector Babenco e Bruno Barreto, ou filmes independentes como O Cheiro do Ralo, ou ainda filmes que parecem ser bonitos, agradáveis e legais mas não tem nada a oferecer, como Árido Movie, Muito Gelo e Dois Dedos D’Água, ou o próprio O Cheiro. Isso para não falar do Moacyr Góes, nosso Ed Wood, que produz uma bomba por ano.

O cinema brasileiro tem suas pérolas, isso tem. O Céu de Suely é um dos melhores filmes entre todos lançados no Brasil ano passado. Antônia emociona mais que seu “similar” importado Dreamgirls – Em Busca de um Sonho. O Ano que Meus pais Saíram de Férias competiu em Berlim. Incuráveis pouca gente viu, mas é um forte texto defendido por atores excelentes. Mas ainda temos aqueles filmes que são vendidos a preço de ouro, mas quando se compra, se descobre que se trata de uma simples bijuteria.

Caixa Dois é um deles. O título é oportuno, remeter a crise política que assolou o país em 2005, e fazendo tratar os desentendidos que é um filme que mexe nesse ferida, algo que o Brasil ainda tem medo em fazer (filmes sobre a ditadura saem aos montes, mas retratar temas atuais é um tabu). Nada, nada de política é tratado aqui, além da corrupção, corriqueira no país e uma frase meio colocada para satisfazer o público: “Um presidente que não sabe nada?”, dita por Zezé Polessa ao presidente do Banco, interpretado por Fúlvio Stefanini.

O longa é muito curto e o dilema principal demora muito para aparecer e quando vemos já estamos naquele tipo de final que o espectador está cansado de ver: Juntar todas personagens com alguma relevância no roteiro e pôr-las para resolver o desfecho que já se sabia há muito tempo, assim não disfarçando sua origem teatral, além de ter uma cara noveleira de péssima qualidade. Os atores a serviço de um roteiro fraco e muito mal amarrado pouco fazem. Apesar das boas intenções do argumento, a falta de uma identidade ao projeto acaba arruinando suas tentativas de ser levado a sério e no final de toda a história resta uma única pergunta: “E daí?”. Com certeza não era essa a que os realizadores pensavam ao fazer Caixa Dois.