Cinema Mon Amour

Sunday, January 04, 2009

Se eu Fosse Você 2


SE EU FOSSE VOCÊ 2


(2009, BRA) de Daniel Filho. Com Tony Ramos, Glória Pires Cássio Gabus Mendes, Isabelle Drummond, Marcos Paulo, Chico Anysio, Maria Luísa Mendonça, Adriane Galisteu, Vivianne Pasmanter, Bernardo Mendes, Maria Gladys, Ary Fontoura, Carlos Bonow.

Tony Ramos se destaca nesta comédia que repete a mesma fórmula do primeiro para arrancar a força os risos dos espectadores. Talvez eu deveria ter revisto o primeiro, de três anos atrás, antes de embarcar na primeira sessão de cinema do ano, mas pelo que a memória me permite, o filme chega a ser superior do que o original.
Original, aliás, não era a palavra certa para se chamar “Se eu fosse você”, e talvez nisso, a continuação acabe levando certo privilégio nesta comparação, já que é simplesmente uma nova roupagem para a velha fórmula americana, de troca de corpos, feita em “Sexta-Feita Muito louca”, que já era uma refilmagem de “Se eu fosse minha mãe”.
O grande mérito do primeiro filme é que trazia esse subgênero para a cinematografia brasileira e com dois atores consagrados, Tony Ramos e Glória Pires, mostrando uma verve cômica, que dava ao filme um frescor, não visto muito nos nossos filmes. Era um filme de certa maneira raso, mas que brincava com os gêneros masculino e feminino, de uma forma um tanto inteligente, e ainda tinha um apelo ao público enorme.
O segundo filme mantêm isso, e apesar de dividir melhor as piadas, Pires aparece mais apagada, marcando bons momentos em cena mas sendo superada quase sempre na cena seguinte por Ramos, que brilha como Helena, acertando em cheio nas piadas corporais, assim como tendo o timing certo para os diálogos. O resto do elenco parece um festival de participações especiais. Chico Anysio se basta sendo Chico Anysio, Maria Luisa Mendonça fazendo o tipo histérica, Cassiano Gabus Mendes o tipo galinha e os outros mal abrindo a boca, incluindo ai a grande Maria Gladys em um papel pra lá de inútil.

Daniel Filho sempre se disse contra invenções, e que privilegia um cinema de narração formal, historinha para público rir. Aqui consegue fazer isso, e ainda consegue alguns bons momentos de cinema, com cenas bem cuidadas, e sem cair nunca no grotesco. No final, aparece como piada, “aguarde ‘Se a vovó fosse o vovô’”, em referência ao fato da questão principal (e diferencial) deste filme ter sido a reação dos dois protagonistas com a filha grávida. É só uma piada, como Filho já fez questão de ressaltar, mas que pode vir a acontecer uma nova continuação, não duvido nada.

Friday, January 02, 2009

Marty



MARTY



“Marty” (1955, EUA) de Delbert Mann. Com Ernest Borgnine, Betsy Blair, Esther Minciotti, Augusta Ciolli, Joe Mantell, Karen Steele, Jerry Paris.


Marty tem lugar na história do cinema já que em 1956 se tornou o primeiro filme, a vencer o Oscar e a Palma de Ouro, no Festival de Cannes, que tinha conquistado no ano anterior. Mesmo assim, estranhamente não é muito lembrado meio século depois, provavelmente por ser um pequeno filme, centrado somente em seus personagens.

A história é baseada num teleteatro, operação famosa na década de 50 nos EUA. Marty (Ernest Borgnine) trabalha como açogueiro no Bronx e vive com sua mãe (Esther Minciotti), enquanto vê seus irmãos mais novos se casarem, e a pressão cada vez maior da família para finalmente subir ao altar. Num sábado a noite, para agradar sua mãe, ele vai a um salão de dança, e lá, acaba encontrando a igualmente solitária Clara (Betsy Blair) e um futuro mais alegre parece tomar lugar na vida de Marty.

Borgnine é o grande destaque deste filme pequeno, mas emocionante. O roteiro é sincero e retrata bem a pressão que o protagonista sofre por sua família e vizinhança italiana para finalmente se casar, enquanto começa a vislumbrar um prospecto de morrer solteirão, assim como também acerta na reação das pessoas mais próximas de Marty, quando Clara entra em sua vida. O ator está perfeito em todas as cenas, compondo o personagem de forma arrebatadora.

A maior falha do roteiro é como ele conclui a história, de forma muito rápida, e sem desenvolver plenamente os personagens coadjuvantes, especialmente a família de Marty, que ficam em primeiro plano. A direção do estreante Delbert Mann acerta na mão, com belas cenas entre o casal, seja na varanda do salão, ou pelas ruas de Nova York, com a cidade sendo filmada de uma maneira belíssima.