Cinema Mon Amour

Saturday, September 16, 2006

A Fonte



FONTE DA VIDA


“The Fountain” (2006, EUA) de Darren Aronofsky. Com Hugh Jackman, Rachel Weisz, Ellen Burstyn, Marcello Bezina, Alexander Bisping, Mark Magolis, Cliff Curtis, Sean Gullette.



Qualquer texto seja ele coberto de elogios ou críticas ao novo trabalho de Darren Aronofksy, não estaria completo sem essa constatação: Ele é hiper pretensioso. O fato em si não é nenhum pecado. Afinal, se Stanley Kubrick não fosse pretensioso, como nasceria 2001 — Uma Odisséia no Espaço, marco do cinema? Mas naquele caso, junto com a pretensão existia uma visão de mundo completamente singular, idéias brilhantes sobre o ser humano e o mundo ao seu redor, além de uma visão estética inimaginável até os dias de hoje. Tudo isso e muito mais gerou uma obra-prima.

Muitos ingredientes faltaram em Fonte da Vida. A premissa, uma árvore que conteria o poder de se prolongar uma vida indefinidamente, é instigante, mas a realização não ajuda. A divisão em três histórias já é prejudicial, e fica em estado mais critico ainda quando uma cena de um se relaciona com outra. Ou seja, se ele grita na atualidade, aparece gritando (do nada) no futuro. Tudo isso porque as personagens principais, em três espaço de tempo (passado distante, presente, futuro distante) são interpretadas pelo mesmo ator: Hugh Jackman.

Poderia até funcionar se fosse contado de uma maneira mais simples, assim como foi 2001, com cautela, para o espectador associar cada informação. Mas se fosse feito isso, talvez, ele percebesse que não há tanta informação afinal. Quer dizer, não passa de uma árvore que consegue passar através de sua estrutura, uma vida eterna. Poderia até haver um questionamento maior, na forma de que foi esperado séculos para que a medicina conseguisse descobrir como manipular todo o material, mas não.

Alguns momentos beiram o ridículo, como o Hugh Jackman do futuro encarnando o do passado, e a necessidade de uma montagem “moderna” e cortada em pedaços. Alguém precisa lembrar aos montadores atuais que se não sabe fazer bem, não faça só para ficar bonito e cool. Se fosse feito em ordem cronológica provavelmente o filme teria um impacto bem maior, sem ficar cansando nenhuma das histórias.

Enquanto na atuação, só Weisz embala, mostrando finalmente a que veio. Jackman por sua vez lembra em demasia Wolferine (numa cena externa com todo o cenário coberto por neve isso fica evidente) e Burstyn tem que se contentar com uma personagem limitada.

A parte técnica, porém é um esplendor. Os efeitos especiais que foram feitos com a técnica antiga de fotografia, é excelente, sem precisar sem render ao digital. Isso ainda reforça sua inspiração no clássico de Kubrick. A fotografia de Matthew Libatique é de tirar o fôlego, mantendo um equilíbrio entre o tom inocente e épico, assim como a direção de arte é bela. Quem dera se o filme fosse mais que um puro deleite visual.

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