Cinema Mon Amour

Saturday, September 16, 2006

O Amigo da Família


O AMIGO DA FAMÍLIA


"L'Amico di Famiglia" (2006, ITA) de Paolo Sorrentino. Com Giacomo Rizzo, Fabrizio Bentivoglio, Laura Chiatti, Luigi Angelillo, Clara Bindi, Barbara Valmorin.


Ver o filme no computador pode agradar alguns, e em DVD muitas pessoas, já que tem várias opções de extra, dublagem, legendas, e inúmeros outros artifícios só possíveis naquele disquinho. Mas ainda não há sensação que chegue perto daquela de ver um filme no cinema. E que se diga de passagem, cinema, o lugar, é aonde o Cinema, a arte, deve ser apreciada.

O meu caso vendo O Amigo da Família é exemplar. Enquanto a platéia morria de rir com alguns diálogos, situações ou ainda caretas de Giacomo Rizzo, que interpreta Geremia, eu morria de medo de tudo aquilo que estava acontecendo. O filme consegue fazer isso com perfeição, aliás. Transmitir ao mesmo tempo simpatia, carisma, pena, irritação, alegria e tristeza.

Geremia é um agiota que pensa em seus próximos. Mas os juros são exorbitantes e se você pegou empréstimo com ele é melhor pagar logo, já que apesar do apelido “Coração de Ouro” para ele negócios vêm primeiro e o dinheiro compra a tudo e todos, incluindo a bela e compromissada Rosalba (Laura Chiatti).

Nunca caindo no caricatural, podemos inclusive aproximar algumas ações de Geremia, mesmo as mais sórdidas para a nossa vida. Quando entra nesta comparação e em uma discussão de quem realmente é o “malvado” desta história, o filme ganha muitos pontos, apresentando personagens complexas e completas, principalmente a do trio central, composto ainda pelo amigo de Geremia, Gino (Fabrizio Bentivoglio), um cara fascinado pelos westerns e pela vida rural norte-americana e que tem como sonho morar no Tennessee.

Pode parecer confuso ao início, mas quando arruma suas pontas, vira uma excelente sátira ao comportamento humano, suas manias, vontades e mazelas. Rizzo consegue ainda passar certo carisma, mesmo com uma aparência tão repugnante, enquanto os coadjuvantes são também ótimos, em especial Chatti. Até agora, melhor filme do Festival do Rio e melhor atuação masculina.

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