Cinema Mon Amour

Sunday, September 17, 2006

O Maior Amor do Mundo



O MAIOR AMOR DO MUNDO


(2006, BRA) de Carlos Diegues. Com José Wilker, Taís Araújo, Sérgio Britto, Lea Garcia, Sérgio Malheiros, Marco Ricca, Deborah Evelyn, Clara Carvalho, Hugo Carvana, Sílvio Guindane.

Carlos Diegues tentou com O Maior Amor do Mundo fazer um filme sério, assim como tentou com Deus é Brasileiro (2003, BRA) fazer uma comédia divertida. Falhou miseravelmente em suas realizações assim como foi em 1999, quando lançou Orfeu que ainda conseguiu incluir como o indicado brasileiro ao Oscar. Talvez seja dali a indiferença que o comitê de velhinhos votantes da categoria, interrompendo uma trajetória bem sucedida do país no prêmio. “Se o Brasil é o país daquele filme, coisa boa não vem de lá”.

O Maior Amor do Mundo pelo menos tem momentos positivos, se esforça, e tem uma mensagem, que se dilui perto das estrelas que brilham para fazer os momentos parecerem bonitinhos. José Wilker anda e age sem nenhuma inspiração, fazendo quase uma paródia de sua persona como apresentador de TV. Pode até conquistar alguns espectadores menos interessados em aspectos de qualidade, mas quem notar um pouquinho verá que tudo é caricato, formulaico e feito de uma falta de talento incrível, o que é uma pena, já que ele tem e muito (vide O Homem da Capa Preta, de Sérgio Rezende). Talvez ao querer fazer muito com pouco, acabou fazendo simplesmente pouco.

O resto do elenco não ajuda. Taís Araújo, talvez escolhida por estar estrelando a novela não passa nenhuma emoção e é um desperdício. Quem traz graça à tela é Léa Garcia num papel ingrato, mas que consegue conduzir fantasticamente, o da Mãe Santinha. Marco Ricca e Deborah Evelyn até que se saem bem, mas os papeis são tão ruins, mal escritos e desenvolvidos que fica uma enorme sensação de que toda aquela parte não precisava.

Esta é a grande falha do filme de Diegues: Não sabe o que quer ser, uma comédia de cotidiano, com suas piadinhas e inserções de menino cantando funk, um drama social, com o tráfico tentando atrair meninos cada vez mais jovens, romance com as personagens de Wilker e Araújo, ou um romance de época, o tal maior amor do mundo. Sem dúvidas a única parte que funciona é essa última, mas todo o resto estraga. E por soar tão deslocado acaba fazendo do filme um todo estranhíssimo e mesmo sendo superior em qualidade, talvez deveria ser retirada.

O filme poderia funcionar se tivesse um foco a seguir: Do jeito que terminou não cativa o espectador que se interessa por mais do que um pouco de entretenimento (que nem consegue transmitir). A própria profissão da personagem principal, a de astrofísico é mal trabalhada, e seria inclusive um ótimo centro do qual o filme teria forças para gravitar. Mas a profissão só existe para explicar o jeito afetado e estrangeiro dele. Uma pena, grande pena. Mesmo assim, filme ruim brasileiro por filme ruim brasileiro ainda é melhor que Zuzu Angel, a quase-bomba de Sérgio Rezende.

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