Cinema Mon Amour

Wednesday, January 31, 2007

A Grande Família




A GRANDE FAMÍLIA – O FILME


(2007, BRA) de Maurício Farias. Com Marco Nanini, Marieta Severo, Pedro Cardoso, Guta Stresser, Andréa Beltrão, Lúcio Mauro Filho, Paulo Betti, Tonico Pereira, Marcos Oliveira, Dira Paes.


Créditos iniciais de A Grande Família. Ali estava eu, no cinema, meio a contragosto, esperando mais um filme bobinho da Globo Filmes, ao estilo cunhado de Daniel Filho, quase regra para a produtora. Bastava saber se seria algo mais próximo do competente Se eu Fosse Você ou do medíocre Muito Gelo e Dois Dedos D’Água. Se não fosse pela minha obsessão de ver todos os filmes possíveis do ano (e no cinema), muito provavelmente eu nem iria a sessão, até porque não sou fã do seriado que originou o longa.

Mas em poucos minutos eu me lembrei porque eu faço questão de ver todos os filmes no cinema. Logo após um rápido flashback, mostrando o início do romance entre os protagonistas Lineu e Nenê no Baile da Primavera, vemos um plano magnífico, mostrando a rotina de uma rua no subúrbio carioca. Esse plano, aliás, iniciaria um padrão no filme que se manteria até o final: A ótima fotografia de José Guerra, evocando um Rio de Janeiro belo, dando a cidade o tratamento que merece. É evidente, por exemplo, que as cenas externas (como na vizinhança, na estação de trem ou no centro) são infinitamente superiores do que as cenas em cenário.

E lá estava eu, embarcando de vez na história, que talvez até seja a mesma de sempre na TV, mas eu nunca vi então tava achando tudo legal. Um ambiente simpático da cidade que eu mais adoro, personagens bem construídos, e uma história se desenvolvendo: O chefe de Lineu cria bilhetinhos amorosos, para estimular ele a sair com uma garota linda da repartição (a sempre espetacular Dira Paes). Ele descobre a maracutaia, mas os bilhetinhos acabam nas mãos de Nenê, que para se vingar, planeja ir ao Baile da Primavera (aonde eles foram em todos os anos para comemorar o relacionamento) com um ex-pretendente, interpretado por Paulo Betti.

Na minha cabeça, aquilo era o início ideal para o roteiro, o chamado primeiro ato. Todos os conflitos já estavam armados. O que vai acontecer agora, eu pensava. Talvez a mesma dúvida passou pelas cabeças dos roteiristas, que tadinhos, ao chegar nos quase 40 minutos, duração de um episódio, devem ter ficado sem saída. O que fazer então? Voltar tudo ao começo.

Espera aí, como? Voltar? Sim, voltar. O carro do Lineu fica atolado logo quando um trem está vindo. O tempo congela, e um “Outro Lineu” (“aquele outro eu que vemos antes de morrer”) aparece dizendo que ele tem que curtir mais a vida. Assim, ele sai do carro (“o outro”) e o trem atinge... Voltamos para o início da história, com Lineu agora assumindo características mais “liberais”, trazendo conseqüências diferentes, mas quase sempre aproveitando mesmas cenas e diálogos, trazendo interpretações distintas.

Porém, buracos enormes surgem. Como ele voltou ao tempo? É imaginação? E ele tem consciência disso? E porque ele está diferente? E se ao mesmo tempo o uso de diálogos e situações similares pode ser interessante para analisarmos um aproveitamento da teoria de Kuleshov (mesmo que de forma ordinária) se revela aos poucos um mero artifício de ocultar uma falta de originalidade dos criadores do programa.

E como se uma segunda passagem por aquela época do primeiro ato não fosse o bastante, tudo se repete pela terceira vez. Uma cópia barata (até no campo financeiro, porque as cenas eram praticamente idênticas e nos mesmos cenários) e mal feita de Feitiço do Tempo, e elimina qualquer paciência que se possa ter com a trama. E chega ao cúmulo quando o Epílogo imita o Prólogo.

As atuações são ótimas (principalmente as de Severo e Nanini), mas durante os créditos finais, estava decepcionado. Parece que vimos três episódios da série, no estilo Você Decide, mas ao invés de escolhermos qual final queremos ver, escolhemos qual história é a “melhor” ou “mais certa”, ou a que “mais nos divertimos”. Como se o espectador que vai ao cinema, fã do seriado não tem a habilidade de acompanhar uma história contada de forma linear por uma hora e quarenta minutos. Aí nem precisava botar o subtítulo “O Filme”.

Tuesday, January 30, 2007

Notas de Segunda

(mesmo que só atualizado na terça, por que esse meu computador é teimoso em fazer coisas simples)

  1. O SAG teve sua premiação na madrugada de domingo, dando prêmios para todos os favoritos, só escapando levemente da chatice nos discursos de Grey’s Anatomy e no prêmio especial para Julie Andrews. Helen Mirren, Forrest Whitaker, Eddie Murphy e Jennifer Hudson parecem ser locks no Oscar. Mesmo com a mídia atrás, vitórias de Meryl Streep, Peter O’Toole, Jack Earle Haley e Abgail Brelin seriam enormes surpresas.

  2. Na TV os mesmos de sempre. Por minissérie e filmes de TV, a dupla de “Elizabeth I”, Helen Mirren e Jeremy Irons. America Ferrara capitalizando o sucesso de “Ugly Betty”, Alec Baldwin como o chefe de “30 Rock”, série de Tina Fey (que é a melhor do elenco, aliás) e Hugh Laurie por “House”, sacaneando ainda o chato do Eddie Murphy. A maior surpresa mesmo foi a maravilhosa Chandra Wilson vencer como atriz em drama por Grey’s Anatomy que depois ainda venceu elenco de drama. Isaiah Washington, em rehab forçada, faltou e então o grupo permaneceu coeso.

  3. Prêmios merecidos. Pena que poucos enxergam a genialidade da segunda temporada de Desperate Housewives, melhor que a primeira. A terceira promete também e já vou começar a baixar, para ver antes da viagem.

  4. A pergunta da vez é: Será que Pequena Miss Sunshine consegue levar o Oscar? O prêmio de elenco no SAG é grande indício, somado ainda ao do Sindicato dos Produtores. E, ironicamente o grande prêmio que ele perdeu (filme de comédia/musical no Globo de Ouro) foi justamente para um filme não indicado, aquele musical lá.

  5. Calac lembrou, eu ainda não botei a minha lista dos melhores do ano. É que a minha lista estava entre os dados que foram embora quando o computador pifou (pela milésima e quinta vez), na primeira semana do ano. Vou fazer o seguinte então. Postar a minha cédula do Alfred e depois fazer um ranking com os quase 250 filmes vistos de 2006. Isso é claro, quando esse computador permitir.

  6. Ah, e vi Reis e Rainha esse final de semana. Filmaço, mas que precisa ser digerido com o tempo e pensado. Falando nisso, tive uma onda de revisões esse mês. No início, Quase Famosos, Ensina-me a Viver (por enquanto o filme do mês, como pode ser visto no Álbum do Orkut) e Gilda. Nos últimos dias, O Mágico de Oz, O Novo Mundo, Casablanca e Os Brutos Também Amam. Todos no mínimo excelentes, e se textos sobre eles não vieram (alguns ainda podem vir), fica aí a dica.

Friday, January 26, 2007

Uma Noite no Museu


UMA NOITE NO MUSEU

“Night at the Museum” (2006, EUA) de Shawn Levy. Com Ben Stiller, Dick Van Dyke, Mickey Rooney, Jake Cherry, Bill Cobbs, Ricky Gervais, Carla Gugino, Mizuo Peck, Robin Williams, Kim Raver, Patrick Gallagher, Rami Malek, Pierfrancesco Favino, Steve Coogan, Owen Wilson.


Cinema, como sétima arte, deve ser tratado como um fundamental veículo para a transmissão de mensagens, divulgação de pensamentos e o mais acessível das formas de cultura e arte que conhecemos. É triste ver quando um longa, que custa o trabalho de centenas de pessoas por meses, e se resumir a um grande nada, que só emburrece o espectador, como em O Dono da Festa 2, que por sorte ficou só 1 semana em cartaz no cinema de Campos.

Mas quem disse que cinema não pode ser diversão? É o caso de Uma Noite no Museu, que estorou nas bilheterias americanas e foi o primeiro filme a alcançar no Brasil a marca de um milhão de espectadores, e já chega perto do segundo milhão. É o filme certo na hora certa, de férias escolares e com as crianças talvez já ficando cansadas de cópias de Harry Potter e os mais novos filmes dos mesmos ídolos dos “baixinhos” de 25 anos atrás.

Se trata de um filme ágil, divertido e que acaba ensinando um pouco de história, mesmo sem se aprofundar em nenhum dos personagens retratados no Museu de História Natural de Nova York. Eles sofrem de uma maldição que fazem com que a noite, ganhem vida e perambulam pelo museu, como se tivessem vivos ainda. Desde de um tiranossauro até Átila, o Huno, passando por bonequinhos de caubóis e soldados romanos, todos acham que ainda estão na sua época e acabam atazanando o trabalho de um novo guarda noturno (Ben Stiller), que estava esperando moleza e tranqüilidade.

Se o roteiro não é nenhum primor de escrita, trazendo velhos clichês — como um romance desnecessário e o pai tentando fazer o filho se orgulhar dele — e a direção vacila muito, principalmente no começo, quem segura o filme e faz dele um espetáculo agradável são os atores. O sempre simpático (e por enquanto nada mais) Ben Stiller carrega bem o filme, com pitadas de humor ao longo da aventura.

Mas o show é mesmo dos coadjuvantes. Owen Wilson (cujo nome não aparece nos créditos) e Steve Coogan fazem uma excelente dupla como inimigos mortais mas que acabam se reunindo em prol de um objetivo comum; Ricky Gervais (do “The Office” britânico) rouba todas as (poucas) cenas em que aparece, como o chefe metido a humorista; Robin Williams confirma o carisma que tem como Teddy Roosevelt, o único personagem que parece estar disposto a ajudar o guarda. E é interessante notar também a presença de Dick Van Dyke e Mickey Rooney, em claros papeis “de homenagem”, merecedíssima.

Curiosamente antes da sessão, eu tinha assistido a um filme de 1940 “Meninos da Cidade”, estrelado por um jovem Rooney. Claro que a aparência mudou e muito, mas é engraçado ver que certos trejeitos ainda continuam, como se não tivessem passados 66 anos.

Tuesday, January 23, 2007

Previsões

Esse ano está muito estranho. Temos uma categoria praticamente decidida - melhor atriz, sem nenhuma sexta candidata aparente - e outras categorias em aberto. Filme vai ser difícil mudar disso daí de baixo mas Cartas de Iwo Jima, A Conquista da Honra, O Diabo Veste Prada, Borat e até Bobby (não se esqueçam, ele entrou como elenco no SAG e filme drama no Globo de Ouro) podem furar, ou estrangeiros como O Labirinto do Fauno e Volver.

Mas mesmo que só fiquem os cinco já manjados, não há nenhum frontrunner, e talvez hoje definiremos quem irá ser considerado como tal. Para isso precisa receber o maior número de indicações, e quem parece que tem mais chances é Babel e Dreamgirls com 10 ou Os Infiltrados e Pequena Miss Sunshine com 8. Todos com FORTES chances de levar prêmio de Elenco no SAG - o que vai dizer muito sobre o futuro vencedor do Oscar.

Mas infelizmente grandes surpresas não devem acontecer, já que a curta temporada do Oscar põe os votantes com muito pouco tempo para ver muitos filmes - e indies ou estrangeiros ficam de fora. Sem mais delongas os candidatos (existem três categorias em que há chances de só 3 candidatos - canção e as 2 de som), então ponho em negrito os três primeiros e normal os outros 2.


FILME

Babel
The Departed
Dreamgirls
Little Miss Sunshine
The Queen

DIRETOR

Alejandro Gonzalez Inarritu, Babel
Bill Condon, Dreamgirls
Johnathan Dayton, Valerie Faris, Little Miss Sunshine
Guilermo Del Toro, Pan’s Labyrinth
Martin Scorsese, The Departed

ATOR

Sacha Baron Cohen, Borat
Leonardo DiCaprio, The Departed
Peter O’Toole, Venus
Will Smith, The Pursuit of Happyness
Forrest Whitaker, The Last King of Scotland

ATRIZ

Penelope Cruz, Volver
Judi Dench, Notes on a Scandal
Helen Mirren, The Queen
Meryl Streep, The Devil Wears Prada
Kate Winslet, Little Children

ATOR COADJUVANTE

Alan Arkin, Little Miss Sunshine
Jackie Earle Haley, Little Children
Eddie Murphy, Dreamgirls
Jack Nicholson, The Departed
Brad Pitt, Babel

ATRIZ COADJUVANTE

Adriana Barraza, Babel
Cate Blanchett, Notes on a Scandal
Abigail Breslin, Little Miss Sunshine
Jennifer Hudson, Dreamgirls
Rinko Kikuchi, Babel

ROTEIRO ORIGINAL

Guillermo Arriaga, Babel
Michael Arndt, Little Miss Sunshine
Guillermo Del Toro, Pan’s Labyrinth
Peter Morgan, The Queen
Zach Helm, Stranger Than Fiction

ROTEIRO ADAPTADO

Sacha Baron Cohen, Borat
Alfonso Cuaron, Timothy Sexton, Children of Men
William Monahan, The Departed
Todd Field, Tom Perrotta, Little Children
Jason Reitman, Thank You for Smoking

FILME ESTRANGEIRO

Avenue Montaigne, France
Days of Glory, Algeria
The Live of Others, Germany
Pan’s Labyrinth, Mexico
Volver, Spain


ANIMAÇÃO

Cars
Happy Feet
Monster House

FOTOGRAFIA

Babel
Children of Men
The Departed
Dreamgirls
Pan’s Labyrinth

MONTAGEM

Babel
The Departed
Dreamgirls
Little Miss Sunshine
United 93

DIREÇÃO DE ARTE

Children of Men
Dreamgirls
The Good Sheperd
Marie Antoinette
Pan’s Labyrinth

FIGURINO

Curse of the Golden Flower
The Devil Wears Prada
Dreamgirls
Marie Antoinette
The Queen

TRILHA

Babel
The DaVinci Code
The Good German
The Painted Veil
Pan’s Labyrinth

CANÇÃO

Bobby (“Never Gonna Break My Faith”)
Dreamgirls (“Listen”)
Happy Feet (“The Song of the Heart”)
An Inconvenient Truth (“I need to wake up”)
Little Miss Sunshine (“Till the End of Time”)

SOM (em negrito se for 3)

Babel
Cassino Royale
Dreamgirls
Pan’s Labyrinth
United 93

EDIÇÃO DE SOM (em negrito se for 3)

Cars
Cassino Royale
The Departed
Happy Feet
Pirates of the Caribbean: Dead Man’s Chest

EFEITOS ESPECIAIS

Cassino Royale
Pirates of the Caribbean: Dead Man’s Chest
Superman Returns

MAQUIAGEM

Pan’s Labyrinth
Pirates of the Caribbean: Dead Man’s Chest
The Prestige

DOCUMENTÁRIO

An Inconvenient Truth
Deliver Us From Evil
My Country My Country
Shut up & Sing
The War Tapes

Saturday, January 20, 2007

Babel



BABEL

"Babel" (2006, EUA/MEX) de Alejandro González Iñárritu. Com Brad Pitt, Cate Blanchett, Gael Garcia Bernal, Koji Yakusho, Adriana Barraza, Rinko Kikuchi, Said Tarchani, Boubker Ait El Caid, Elle Fanning, Nathan Gamble, Mohamed Akhzam, Peter Wight, Abdelkader Bara, Mustapha Rachidi, Driss Roukhe, Clifton Collins Jr., Robert Esquivel, Michael Pena, Yuko Murata, Satoshi Nikaido.



Depois de realizar um grande filme, 21 Gramas, que o projetou definitivamente no cenário internacional, Iñárritu alcança aqui sua glória, sendo já posto na condição de um dos favoritos para levar o Oscar de direção. O filme venceu o Globo de Ouro de melhor drama e teve o maior número de indicações entre os sindicatos. É o filme com maior buzz nessa época de Oscar.

Calma lá, né? Babel é bom, mas nada muito demais. Exemplo perfeito de um filme supervalorizado pelos méritos de um cineasta, que não aconteceu quando devia, nos filmes anteriores. Aliás, é importante e necessário dizer que aqui a fórmula já está batida. O melhor para a carreira de Iñárritu é tentar a partir do próximo filme inovar mais, já que a cada filme parece que sua tática de filmar várias histórias em parceria com o roterista Guillermo Arraga, quase como se assim escondessem uma falta de talento para alongar e desenvolver uma história em longa metragem.

O argumento de ligação não pode ser usado aqui de maneira alguma, já que as quatro histórias não se juntam, apenas acontecem por causa de um mesmo acontecimento (o tiro de um menino), que interfere de forma direta ou indireta a vida das personagens. Alterações de tempo acentuam ainda mais a independência de cada parte, principalmente a japonesa.

As melhores atuações ficam por conta de Adriana Barraza, como a babá mexicana e Rinko Kikuchi, como a garota japonesa. Pitt, Blanchett e Bernal que encabeçam o elenco para propósitos promocionais não fazem muita coisa, em papeis pequenos, apesar de Pitt mostrar mais uma vez ser um bom ator, mesmo com um pequeno personagem. A parte protagonizada por Pitt e Blanchett em viagem ao Marrocos é a menos interessante, se contrapondo com a melhor, a da família marroquina, que me parece (mas não tenho certeza) ser formada só de atores amadores.

Na parte técnica, a montagem de Douglas Crise e Stephen Mirrione é eficiente, juntando eventos que se passam em dias diferentes como uma única parte, mesmo que não ajude no andar do filme. Talvez seria melhor se fosse menos não-linear, mas assim, claro seria menos chamativa e com menos destaque aos prêmios.

Os destaques nesta área vão para a trilha de Santaolalla e principalmente a fotografia de Rodrigo Prieto, que consegue criar ambientes completamente diferentes, incluíndo aí uma parte bem difícil, filmar dois desertos como locais distintos, até por razões dramáticas. A parte japonesa também é bem filmada visualmente, mesmo que se explore em demasia o lado sensual das garotas, o que se mostra decisivo futuramente na história, um caso discutível e bem simplório de resolver a questão.

A questão do filme todo é a falta de comunicação no mundo globalizado e por isso mais unido. Até ganha alguns pontos nessa questão, exemplificada de forma mais didática na parte japonesa. Na parte marroquina, temos um dilema interessante - os árabes ajudando o casal americano que foi largado a sorte pelos próprios compatriotas - e no terreno mexicano, vemos a personagem principal confrontar seus próprios demônios fazendo coisas que sinceramente, nem o espectador acredita. Mas talvez isso justamente seja seu calcanhar de Aquiles: O filme como um todo não se sustenta. Vemos pequenos curtas que não conseguem se dialogoar. E isso quase destrói o filme.

Friday, January 19, 2007

Estréias de 19 de Janeiro de 2007 (III)



ESTRÉIAS NACIONAIS NESTA SEXTA

“Alex Rider Contra o Tempo”, de Alex Pettyfer
“As Aventuras de Azur e Asmar”, de Michel Ocelot
“Babel”, de Alejandro González-Iñarritu
“Déjà Vu”, de Tony Scott
“O Mar Não Está Para Peixe”, de Howard E. Baker
“Silk, o Primeiro Espírito Capturado”, de Su Chao-Pin

ESTRÉIAS NO RIO

“Alex Rider Contra o Tempo”, de Alex Pettyfer
“Amigas com Dinheiro”, de Nicole Holofcener
“As Aventuras de Azur e Asmar”, de Michel Ocelot
“Babel”, de Alejandro González-Iñarritu
“Déjà Vu”, de Tony Scott
“O Mar Não Está Para Peixe”, de Howard E. Baker


***

EM CAMPOS

Estréias

“O Dono da Festa 2”, de Mort Nathan
“Filhos da Esperança” de Alfonso Cuarón


Continuação

“007 — Cassino Royale”, de Martin Campbell
“O Amor Não Tira Férias”, de Nancy Meyers
“O Cavaleiro Didi e a Princesa Lili”, de Marcus Figueiredo

“Eragon”, de Stefen Fangmeier
“O Ilusionista”, de Neil Burger
“Uma Noite no Museu”, de Shawn Levy
“Por Água Abaixo”, de David Bowers, Sam Fell
“Xuxa Gêmeas”, de Jorge Fernando




EM NITERÓI

Estréias


“Babel”, de Alejandro González-Iñarritu
“Déjà Vu”, de Tony Scott
“O Mar Não Está Para Peixe”, de Howard E. Baker


Continuação

“007 — Cassino Royale”, de Martin Campbell
“O Amor Não Tira Férias”, de Nancy Meyers
“O Caminho Para Guantánamo”, de Michael Winterbottom, Mat Whitecross
“O Cavaleiro Didi e a Princesa Lili”, de Marcus Figueiredo

“Diamante de Sangue”, de Edward Zwick
“Eragon”, de Stefen Fangmeier
“Mais Estranho que a Ficção”, de Marc Forster
“A Menina e o Porquinho”, de Gary Winick
“Uma Noite no Museu”, de Shawn Levy
“Pequena Miss Sunshine”, de Jonathan Dayton, Valerie Faris
“Por Água Abaixo”, de David Bowers, Sam Fell
“Uma Verdade Inconveniente”, de Davis Guggenheim
“Xuxa Gêmeas”, de Jorge Fernando



Cinco Melhores filmes em cartaz (os excelentes em negrito)

1- “Volver” , de Pedro Almodóvar (Rio)
2- "007 — Cassino Royale", de Martin Campbell (Rio, Niterói, Campos)
3- “O Céu de Suely” , de Karim Ainouz (Rio)
4- “Os Infiltrados”, de Martin Scorsese (Rio)
5- “Caminho Para Guantánamo”, de Michael Winterbottom, Mat Whitecross (Niterói)

10 Filmes mais vistos no último final de semana*

(1/N) 1- Uma Noite no Museu 548.273 {679.729}
(2/+1) 2- Diamante de Sangue 86.765 {316.497}
(4/+2) 3- O Amor Não Tira Férias 77.388 {779.951}
(5/-2) 4- 007 – Cassino Royale 75.762 {1.545.657}
(5/-1) 5- Por Água Abaixo 59.013 {1.351.094}
(3/-5) 6- Eragon 55.077 {1.022.334}
(4/0) 7- O Cavaleiro Didi e a Princesa Lili 50.209 {425.878}
(5/-2) 8- Xuxa Gêmeas 45.224 {647.758}
(1/N) 9- Mais Estranho que a Ficção 39.201 {39.318}
(2/-2) 10- A Menina e o Porquinho 20.776 {140.713}

Total do Top10: 1.061.123 (+15,21%)**

* em espectadores. Nos parênteses: Número de semanas / Comparação com a posição da semana anterior. Em chaves, o público total
** comparação com o total do top10 da semana anterior

FILMES QUE VI NO CINEMA ENTRE 12/01/07 e 18/01/07

12/07- “Uma Noite no Museu”, de Shawn Levy (no CineRitz 3, em Campos)

Filhos da Esperança



FILHOS DA ESPERANÇA



“Children of Men” (2006, RUN/EUA) de Alfonso Cuarón. Com Clive Owen, Julianne Moore, Chiwetel Ejiofor, Charlie Hunnam, Danny Huston, Claire-Hope Ashitey, Peter Mullan, Pam Ferris, Michael Caine, Julian Gabriel Yacuzzi.


A mais nova sensação em Hollywood são os “Three Amigos” (título de um filme dos anos 80 com Steve Martin que se passa no México), ou Três Amigos em puro português. Os tais amigos são os diretores mexicanos que tiveram filmes lançados nos EUA no final de 2006: Alejandro González Iñárritu com “Babel”, Guillermo Del Toro com “O Labirinto do Fauno” e Alfonso Cuarón com “Filhos da Esperança” (“Children of Men”, 2006, RUN/EUA). Ambos tiveram recepção nos principais festivais europeus. Os dois primeiros passaram em Cannes e o terceiro em Veneza. “Babel” venceu direção e montagem, Globo de Ouro de drama e é um dos favoritos ao Oscar, apesar de ter tido uma recepção morna nos EUA e ser massacrado pela maior parte da crítica brasileira. “O Labirinto do Fauno”, o único falado em espanhol foi ovacionado pela crítica nos EUA e já passou a ser o favorito para o Oscar de filme estrangeiro, ultrapassando “Volver” de Almodóvar.

Já “Filhos da Esperança” foi o único que teve uma recepção morna. A crítica gostou mas nem tanto e as premiações passaram ao largo – com exceção da fotografia do mestre Emmanuel Lubezki (“O Novo Mundo”), cotada para o Oscar. Mas quem vê o filme provavelmente não vai se surpreender com isso. O tema é instigante – em 2027 não existem mais bebês, nem crianças: O homem mais novo do mundo acabou de morrer aos 18 anos. O governo aproveitou disso e implantou uma ditadura feroz, que tenta passar uma sensação de calma em um mundo apocalíptico. A liberdade de expressão não existe mais.

Os ingleses adoram fazer filmes com esse tema, talvez temendo que sua sociedade evolua como foi a Alemanha nazista. Os livros de George Orwell tem como tema principal isso (em especial “1984”), assim como o filme lançado ano passado “V de Vingança”. Todos os pontos positivos do filme, a direção angustiante, planos impecáveis e um elenco firme, em sua maioria, se perdem, porém, num roteiro que não sabe para onde andar e o que desenvolver do argumento de uma linha.

Com o caos armado, uma mulher fica grávida e um grupo de oposição tenta salvá-la, temendo que passe a ser cobaia do Governo. As razões nunca são explicadas, nem de como tudo chegou a esse ponto e nem de como ela ficou grávida, mas isso em si nem é uma falha, já que o importante não é como tudo isso aconteceu e sim, o que se resulta disso. Porém, no meio, o filme, assim como seus personagens, saem do caminho inicial traçado, e a história estagna. Viradas já são manjadas e o final deixa muitas pontas abertas.

O destino de Julianne Moore é interessantíssimo, trazendo a mente dos cinéfilos logo um filme clássico (que não vou revelar, é claro, para não tirar a surpresa). Ela está perfeita no filme, como Clive Owen, no papel principal, provando cada vez mais que pode segurar um filme. Michael Caine porém é mal aproveitado, num papel muito clichê e com algumas frases e situações ridículas. Só serve para trazer ao filme, belíssimas músicas como “Ruby Tuesday” dos Rolling Stones (a vasta trilha sonora ainda traz The Libertines, Radiohead e John Lennon).

Tuesday, January 16, 2007

Esse Mundo é um Hospício



ESSE MUNDO É UM HOSPÍCIO


“Arsenic and Old Lace” (1944, EUA) de Frank Capra. Com Cary Grant, Josephine Hull, Jean Adair, Raymond Massey, Peter Lorre, Priscilla Lane, John Alexander, Jack Carson, John Ridgely, Edward McNamara, James Gleason, Grant Mitchell, Edward Everett Horton, Vaughan Glaser, Chester Clute.



Frank Capra é conhecido por suas comédias edificantes, em que a moral e a ética sempre vencem, e personagens sempre de bom coração lutam contra a podridão do sistema, mesmo as vezes sucumbindo involuntariamente a eles. Assim, fez um estilo clássico, próximo ao público e nunca se deixando levar por clichês. Mas ele provou também que era mestre na Screwball Comedy, aquela comédia exagerada em que os risos não param.

Esse Mundo é um Hospício é seu representante neste gênero, e sem dúvidas, um de seus melhores filmes, com um roteiro sempre afiado e um acabamento perfeito. Os diálogos estão sempre acima da linha da genialidade, e o elenco está em perfeita sinfonia. Destaque é claro, para o magnífico Cary Grant, que protagoniza o filme. As brincadeiras sobre Boris Karloff são perfeitas, como a resolução de tudo.

Globo de Ouro 2007


Infelizmente, quando a noite parecia estar caminhando para um resultado positivo, com as premiações ou do excelente A Rainha ou do ótimo Os Infiltrados, Babel acabou levando o único prêmio da noite e justamente o mais importante. Me pareceu mais prêmio de obrigação, até por ter o maior número de indicações e possuir um tema que é a razão da Associação, a reunião de pessoas de diferentes países. Ao menos, valeu a pena o Governador Schwarzenegger entregar o prêmio para o mexicano Inarritu, e a piada que esse fez.

Mas vamos falar de coisas boas agora: A categoria de roteiro foi surpreendentemente para A Rainha, que também venceu melhor atriz por Helen Mirren, aparentemente imbatível para o Oscar. Esse prêmio foi o segundo da noite (o primeiro foi pelo telefilme Elizabeth I) e ela já estava confortável no palco, nem pegou o troféu antes do discurso. Estou torcendo bastante para que aconteça, quase 40 anos depois um empate no Oscar de melhor atriz, entre ela e Meryl Streep. Imagina as duas no palco! Streep deu um show quando ganhou, fez o melhor discurso, e ela podia ter ficado meia hora lá que ninguem em sã consciencia tiraria. E já fiz minha listinha de filmes para levar no gerente do Cinema de Campos. "Foi a Meryl Streep que recomendou!".

Forrest Whitaker, Oscar quasce erto pela sua interpretação de Idi Amin Dada, venceu por O Último Rei da Escócia, enquanto Sacha Baron Cohen capitalizou o sucesso de Borat com o prêmio de ator por comédia e musical. Dreamgirls venceu melhor filme em comédia e musical, ator coadjuvante (Eddie Murphy) e atriz coadjuvante (Jennifer Hudson).

Tomara que Alexander Desplat finalmente leve um Oscar! Já tava na hora, ele nunca foi indicado mesmo por trabalhos fenomenais como Reencarnação, Moça com Brinco de Pérola e Syriana - A Indústria do Petróleo. E o discurso da menina de Ugly Betty foi bem legal.

Abaixo, os vencedores (lista copiada do Epílogo):

MELHOR FILME - DRAMA
Babel

MELHOR ATRIZ DE FILME DRAMA
Helen Mirren, por A Rainha

MELHOR ATOR DE FILME DRAMA
Forest Whitaker, por O Último Rei da Escócia

MELHOR FILME - COMÉDIA OU MUSICAL
Dreamgirls - Em Busca de um Sonho

MELHOR ATRIZ EM COMÉDIA OU MUSICAL
Meryl Streep, por O Diabo Veste Prada

MELHOR ATOR EM COMÉDIA OU MUSICAL
Sacha Baron Cohen, por Borat

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Jennifer Hudson, por Dreamgirls - Em Busca de um Sonho

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Eddie Murphy, por Dreamgirls - Em Busca de um Sonho

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
Carros

MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
Cartas de Iwo Jima (EUA/Japão)

MELHOR DIRETOR
Martin Scorsese, por Os Infiltrados

MELHOR ROTEIRO
Peter Morgan, por A Rainha

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL
Alexandre Desplat, por O Véu Pintado

MELHOR MÚSICA ORIGINAL
Prince, com The Song Of The Heart, de Happy Feet - O Pingüim

Saturday, January 13, 2007

Amei um Bicheiro



AMEI UM BICHEIRO


(1952, BRA) de Jorge Ileli, Paulo Wanderley. Com Cyl Farney, Eliana, Grande Otelo, José Lewgoy, Josette Bertal, José Policema, Norma Fleming, Wilson Grey, Aurélio Teixeira, Jece Valadão.

Os nomes nos créditos iniciais fazem o espectador acreditar que está diante da chanchada, gênero mais popular no Brasil na década de 1950. Carlos Manga (o maior diretor deles) como assistente de direção, e figurinhas carimbadas das comédias da Atlântida, como Cyl Farney, Grande Otelo, Eliana e José Lewgoy nos papeis principais. Mas o que se vê na tela, plano a plano, cena a cena e seqüência a seqüência é um dos dramas mais poderosos já realizados no Brasil, um marco do cinema policial, e que talvez ainda não foi alcançado.

Não se vêem favelas, e até o subúrbio ainda é na parte nobre carioca. Amei um Bicheiro é basicamente um filme que se situa na época em que o crime no Rio de Janeiro, em especial com o jogo do bicho, ainda era meio glamourouso, como os filmes de gângsteres americanos nas décadas de 30 e 40, óbvias referências.

A direção segura da dupla Ileli e Wanderley escapa com competência dos clichês que poderiam muito bem ser utilizados para uma fita desse porte Pena que eles não tiveram uma carreira maior no cinema. Algumas cenas em especial são brilhantes, como a montagem paralela no Dia de São Jorge, a primeira morte de uma personagem principal, e o velório, além da bem realizada seqüência final.

Eliana é a única que parece meio deslocada, mas pode ser argumentado que a personagem dela é o contraponto ao extremo daquele mundo de crime. Cyl Farney tem talvez sua melhor participação no cinema, no comando do clássico dilema entre uma vida segura e sofrida e o dinheiro acompanhado de incerteza. Ainda como destaques do elenco, Grande Otelo (que conseguiu ao contrário de Oscarito fazer uma bem sucedida carreira fora das comédias), José Lewgoy, como o chefe do jogo e Josette Bertel, sua amante.

Friday, January 12, 2007

Estréias em 12 de Janeiro de 2007

ESTRÉIAS NACIONAIS NESTA SEXTA

“Ato Terrorista”, de Joseph Costello
“Mais Estranho que a Ficção”, de Marc Forster
“Uma Noite no Museu”, de Shawn Levy
“O Passageiro — Segredos de Adulto”, de Flávio Tambellini


ESTRÉIAS NO RIO

“Mais Estranho que a Ficção”, de Marc Forster
“Murderball — Paixão e Glória”, de Henry Alex Rubin, Dana Adam Shapiro, Jeffrey Mandel
“Uma Noite no Museu”, de Shawn Levy
“O Passageiro — Segredos de Adulto”, de Flávio Tambellini


***

EM CAMPOS

Estréias

“Uma Noite no Museu”, de Shawn Levy


Continuação

“007 — Cassino Royale”, de Martin Campbell
“O Amor Não Tira Férias”, de Nancy Meyers
“O Cavaleiro Didi e a Princesa Lili”, de Marcus Figueiredo

“Ela Dança, Eu Danço”, de Anne Fletcher
“Eragon”, de Stefen Fangmeier
“O Ilusionista”, de Neil Burger
“Por Água Abaixo”, de David Bowers, Sam Fell
“Xuxa Gêmeas”, de Jorge Fernando



EM NITERÓI

Estréias


“Mais Estranho que a Ficção”, de Marc Forster
“Uma Noite no Museu”, de Shawn Levy


Continuação

“007 — Cassino Royale”, de Martin Campbell
“O Amor Não Tira Férias”, de Nancy Meyers
“O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”, de Cao Hamburger
“O Cavaleiro Didi e a Princesa Lili”, de Marcus Figueiredo

“Diamante de Sangue”, de Edward Zwick
“Eragon”, de Stefen Fangmeier
“Eu Me Lembro”, de Edgar Navarro
“A Menina e o Porquinho”, de Gary Winick
“Por Água Abaixo”, de David Bowers, Sam Fell
“Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock’n’Roll”, de Otto Guerra
“Xuxa Gêmeas”, de Jorge Fernando



Filmes excelentes em cartaz no Rio

"007 — Cassino Royale", de Martin Campbell (Rio, Niterói, Campos)
“O Céu de Suely”, de Karim Ainouz (Espaço de Cinema e Estação Laura Alvim)
“Volver”, e Pedro Almodóvar (Estação Barra Point, Estação Botafogo, Estação Paço, entre outros)