Festival do Rio - Cinco Vezes Visconti

BELÍSSIMA

“Bellissima” (1951, ITA) de Luchino Visconti. Com Anna Magnani, Walter Chiari, Tina Apicella, Gastone Renzelli, Tecla Scarano, Lola Braccini, Arturo Bragaglia, Nora Ricci, Vittorina Benvenuti, Linda Sini.
Desculpem o trocadilho infame, mas é mais do que uma belíssima história sobre a relação entre uma mãe e a filha, e sim um estudo profundo sobre o poder do cinema na vida das pessoas humildes e ainda, em como muitos sonhos estão impregnados aqui, na própria realidade por mais que ela pareca ordinária. Magnani dá um show como sempre, mas quem rouba a cena é a garotinha Tina, que ao contrário de sua personagem é uma ótima atriz.
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O INOCENTE

“L’Innocente” (1976, ITA/FRA) de Luchino Visconti. Com Giancarlo Giannini, Laura Antonelli, Jennifer O'Neill, Rina Morelli, Massimo Girotti, Didier Haudepin, Marie Dubois, Roberta Paladini, Claude Mann, Marc Porel.
O último filme de Visconti trata talvez do próprio cinema italiano, que ele ajudou a fundar. Como pano de fundo a decadência da aristocracia italiana, mostra como o poder é frágil, e nada dura para sempre. Com uma trama surpreendente atual, envolvendo adultério e maternidade fora do casamento, arranca ótimas interpretações do elenco (em especial Giannini e O’Neill), conta com uma direção de arte e figurino muito bem cuidados e uma cena final chocante.
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MORTE EM VENEZA

“Morte a Venezia” (1971, ITA) de Luchino Visconti. Com Dirk Bogarde, Romolo Valli, Mark Burns, Nora Ricci, Marisa Berenson, Carole André, Bjørn Andresen, Silvana Mangano, Leslie French, Franco Fabrizi, Antonio Appicella, Sergio Garfagnoli, Ciro Cristofoletti.
Vi pela primeira vez esse filme no A&E Mundo, em 2001. Lembrava que era bom, muito bom, mas acho que nos meus 14 anos ainda não tinha percebido completamente o impacto desta obra-prima, ponto alto na carreira de Visconti. Dirk Bogarde em uma das melhores interpretações da história do cinema, ao viver um homem reprimido tanto em sua vida pessoal como no trabalho artístico, que pouco a pouco vai sucumbindo a beleza do jovem Tadzio (Andresen), em uma espécie de homme fatale. Ele poderia acabar com o filme, mas consegue carregar o papel com uma perfeição, trabalhando sempre com os mínimos gestos. As belezas da cena final são enormes, denunciando a morte em nossa volta, aparadas por uma paisagem deslumbrante.
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UM ROSTO NA NOITE

“Le Notti Bianche” (1957, ITA) de Luchino Visconti. Com Maria Schell, Marcello Mastroianni, Jean Marais, Marcella Rovena, Maria Zanoli
Pior que um amor impossível, um amor indesejado. Um filme que de tão belo e simples nem parece ser de Visconti, que depois ficaria conhecido por seus cenários suntuosos e grandiosas produções. Schell está fantástica e Mastroianni perfeito como um casal que vive não de um passado, um antigo amor dela (Marais) que foi embora e prometeu voltar um ano depois. A cena da dança é perfeita, lembrando Fellini, enquanto a seqüência final é de uma beleza plástica inacreditável. Um dos melhores trabalhos de Visconti, filmado com uma fotografia irradiante em preto e branco por Giuseppe Rotunno.
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VIOLÊNCIA E PAIXÃO

"Gruppo di famiglia in un interno" (1974, ITA/FRA) de Luchino Visconti. Com Burt Lancaster, Helmut Berger, Silvana Mangano, Claudia Marsani, Stefano Patrizi, Elvira Cortese, Philippe Hersent, Guy Tréjan, Jean-Pierre Zola, Enzo Fiermonte.
Bom filme, mesmo que demasiadamente teatral sobre a mudança na vida de um professor de certa idade quando uma família nada usual consegue a força alugar o apartamento acima do seu. Mesmo com um final não tão satisfatório, Visconti consegue fazer um grande estudo das personagens, e arrrancar ótimas interpretações de Lancaster, Berger e Mangano, mas todo elenco funciona perfeitamente.